COMUNICAÇÃO E PODER NO FACEBOOK: DA AUTONOMIA À AUTOMAÇÃO NA ERA DO CAPITALISMO INFORMACIONAL
Estudos da mídia; Comunicação; Poder; Facebook; Capitalismo
informacional; Economia da atenção.
Esta pesquisa tem como tema a convergência entre dois eixos: a comunicação e o poder.
Inserida no campo dos estudos da mídia, a tese aborda como as relações de poder, que
são construídas por processos de comunicação, estão emergindo em meio ao “capitalismo
informacional” (CASTELLS, 1999) e à “economia da atenção” (GOLDHABER, 1997;
BENTES, 2018). Mais exatamente, a tese questiona como o Facebook, uns dos produtos
dessa nova lógica comercial, vem reestruturando a interface entre comunicação e poder.
Diante disso, a pesquisa busca reiterar o argumento de que as relações de poder são
construídas na mente, a partir de processos de comunicação, e que, portanto, estratégias
psíquicas são mais efetivas e potentes do que o uso da força, da disciplina e do controle.
Argumentamos que para além do poder duro (FOUCAULT, 1979; 1987) e do poder suave
(FOUCAULT, 1979; 1987; DELEUZE, 1992), que atuam mediante aparelhos repressivos
e ideológicos e que usam da violência, de normas e da vigilância para dominar,
respectivamente, estamos diante de novos agenciamentos de dominação, marcado pelo
“poder inteligente” (HAN, 2018a), uma instância do poder que opera mediante estratégias
psíquicas, a partir do uso das tecnologias digitais da comunicação e da informação, para
seduzir, atrair, persuadir e influenciar o pensamento e o comportamento dos sujeitos.
Nesse sentido, buscamos compreender, a partir do Facebook, como a plataforma atua
como agente midiático e político e de que modo sua ação, sustentada pelo capitalismo
informacional e pela economia da atenção, está reestruturando a relação entre a
comunicação e o poder, na contemporaneidade. Para tanto, tomamos a cartografia como
metodologia, por reconhecer o aspecto rizomático do objeto (DELEUZE & GUATTARI,
1997; SANTOS, 1988; ROLNIK, 2007; KASTRUP, 2007; KIRST et al., 2003).
Concluímos que o hiperfluxo informacional, promovido pela topologia distribuída de
rede, vem contribuindo com a redução do processo de comunicação, favorecendo as
novas relações de poder, e que o Facebook, mediante o uso de estratégias mercadológicas
opacas, com sérias implicações sociais e políticas, representa um agente importante dessa
mudança, pois, seu modo de agir promove tanto o aumento da emissão e da automação
de decisões, quanto a redução da ocorrência efetiva da comunicação e da autonomia.