#VOTELGBT: CIBERATIVISMO POR REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Estudos da mídia; Ciberativismo; Movimento LGBT; Representação política; #VoteLGBT
Considerando que os estudos no campo comunicacional, no Brasil, estão cada vez mais atentos à reflexão teórico-conceitual acerca do ciberativismo – dentro de um escopo geral de perceptível proliferação de trabalhos –, verifica-se, entretanto, que pouco repercutem em investigações sobre as iniciativas ciberativistas que envolvem as lutas políticas por direitos LGBT. Nessa direção, questiona-se como a emergência de iniciativas ciberativistas centradas na representação política LGBT contribui para a consolidação das demandas do movimento e, por consequência, para o aprofundamento da democracia. Ancora-se na definição de ciberativismo como referente às múltiplas práticas de sujeitos coletivos e individuais operadas em e nas redes de comunicação digital distribuída que objetivam a defesa de determinadas causas para promover mudanças na sociedade que favoreçam a vivência comum, recorrendo à circulação de ideias e de possibilidades técnicas (ferramentas) para engendrar formas de participação e intervenção. Dessa forma, toma-se, como balizadores teóricos, discussões que compreendem a história do movimento LGBT, as noções conceituais do ciberativismo bem como da representação política. Partindo de uma abordagem qualitativa e procedimento monográfico (estudo de caso), objetiva-se compreender a atuação da iniciativa #VoteLGBT, desenvolvida em e nas redes de comunicação digital distribuída, ao longo das eleições nacionais de 2014 e 2016. Para tal fim, apoiando-se na observação direta, delimita-se como amostra os sites desenvolvidos pela iniciativa em ambos os períodos eleitorais e os conteúdos veiculados na página dela no site de rede social Facebook; a partir da observação indireta, emprega-se também a técnica de entrevista com integrantes da campanha. Para a leitura dos dados, recorre-se à análise descritiva e à análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Conclui-se que a iniciativa #VoteLGBT adota como principal estratégia comunicativa o emprego de recursos voltados para a sensibilização e convocação (chamada à ação) dos eleitores, através de conteúdos cujos significados refletem a dimensão e legitimidade das suas pautas e dos debates que as cingem, ao mesmo tempo que demonstram a importância do envolvimento com os processos institucionais de participação (as eleições) e o reflexo disso no aumento substantivo da representação política LGBT. Também desenvolve e disponibiliza ferramentas sociais digitais que auxiliam os eleitores e candidatos através da aproximação de ambas as dimensões, civil e política, em uma mesma ambiência.