ENTRE O SAGRADO E O PROFANO: OS EFEITOS DE SENTIDO REVELADOS NOS TESTEMUNHOS DE UM BLOG EVANGÉLICO
Mídia; Blog; Sagrado; Testemunho; Discurso
O testemunho é uma maneira de enunciação que demonstra ou admite a existência de uma realidade com a qual o enunciador entrou em contato. Esse é, pois, levado a dizer o que viu, ouviu ou tocou. Neste trabalho, buscamos verificar os efeitos de sentido produzidos no blog do Bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a partir de um corpus que reúne nove testemunhos de supostos fiéis, selecionados entre 64 depoimentos distribuídos durante o ano de 2012. Diferente dos depoimentos instantâneos, de uma apresentação ao vivo, essas narrativas midiáticas são alicerçadas por atributos como hiperlinks, elementos visuais, tradutores linguísticos, além dos mecanismos de interação e compartilhamento em outras esferas também de cunho midiático. A problemática desta análise nasceu a partir da observação de pontos regulares na arquitetura discursiva desses testemunhos, quando foi identificada a relação de forças existente entre o sagrado e o profano e as práticas cotidianas. Durante seis meses, tempo de análise do material empírico, encontramos alguns efeitos de sentidos nos testemunhos, como: a estrutura dialética e a necessidade de desnudamento de passado precário; um engajamento para isentar de culpa a figura de Edir Macedo e da IURD perante a sociedade; a atualização de uma cruzada contra outras religiões; a presença de certa sensualidade na autodepreciação dos depoentes; e uma relação desigual de forças (sagrado e profano) na construção da verdade. Para dar conta desta investigação, utilizamos os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), denunciando a natureza qualitativa da pesquisa. Como princípio metodológico, fizemos uso ainda da transdisciplinaridade, que legitimou alguns dos nossos diálogos, sobretudo com a filosofia. A concepção de discurso modelado por um suporte midiático e atravessado pelo agenciamento de sujeito (s) e pela(s) história(s) caracterizou a perspectiva da investigação.