PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO GENITAL PELO VÍRUS HERPES SIMPLES TIPO 1 E 2 EM MULHERES GRÁVIDAS DE NATAL/RN.
Herpes vírus. Grávidas. Exame citológico e colposcopia.
Um dos principais motivos de demanda por assistência médica em todo mundo, é o alto índice de doenças sexualmente transmissíveis, as quais são decorrentes dos padrões sócio-econômicos, sanitários e comportamentais da população. Algumas dessas doenças afetam significativamente, tanto a saúde sexual quanto a reprodutiva das mulheres, como também ao desenvolvimento do feto durante a fase gestacional. Outras são causadas por patógenos que estão potencialmente associados à transmissão vertical, podendo causar danos imediatos ou em longo prazo aos neonatos. Dentre elas, podemos destacar a infecção genital pelo Vírus Herpes Simples (HSV) dos tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2). Este estudo avaliou-se a prevalência da infecção genital por esses dois sorotipos do HSV, em mulheres grávidas e não grávidas atendidas em uma unidade básica de saúde no município de Natal/RN. O estudo foi realizado no período de 2010 e 2011, incluindo um total de 222 mulheres, sendo 92 grávidas e 130 não grávidas. Todas as mulheres que concordaram em participar da pesquisa responderam a uma entrevista por meio de um questionário padronizado para a obtenção de informações sobre e características sócio-demográficas e potenciais fatores de risco para doenças sexualmente transmissíveis. Após a entrevista, foram coletados dois espécimes cervicais, um destinado ao exame citológico de Papanicolaou e o outro, processada para extração de DNA utilizando kit QIAGEN e analizado pela reação em cadeia da polimerase (PCR) para detectar dos dois sorotipos do HSV. Em seguida, as mulheres foram submetidas a um exame clínico por meio de colposcopia. Para análise estatística dos dados, utilizou-se o teste de qui-quadrado e de regressão logística pelo programa SSPS Statistic 17.0. A população estudada foi formada em sua maioria, de mulheres com idade até 30 anos; de etnia não branca; casada; com grau de instrução elementar; renda familiar de até um salário mínimo; que iniciou a atividade sexual com idade até 18 anos; teve mais de um parceiro sexual ao longo da vida e não estava grávida no momento em que a pesquisa foi realizada, mas já tinha engravidado pelo menos uma vez. O HSV-1 foi o sorotipo mais prevalente na população estudada, com prevalência global de 28,4%, sendo 26,1% nas mulheres grávidas e 30,0% nas não grávidas. Enquanto que o HSV-2 foi encontrado com taxa de prevalência global de 15,8%, sendo 10,9% nas mulheres grávidas e 19,2% nas não grávidas. As mulheres não grávidas apresentaram taxa de prevalência de infecção pelo HSV-2 maior que aquela encontrada nas mulheres grávidas. Observou-se nesse estudo, uma maior proporção de mulheres com alterações morfológicas da cérvice uterina detectadas, tanto no exame citológico quanto na colposcopia, entre aquelas não grávidas. Não foi constatada, no entanto, uma correlação direta, entre a presença de alterações morfológicas e a ocorrência de infecção genital pelo HSV, embora tenham sido encontrados índices de prevalência da infecção pelo HSV-2 ligeiramente maiores nas mulheres que apresentavam alterações citológicas ou colposcópicas, tanto nas grávidas, quanto nas não grávidas. As mulheres de etnia branca, as casadas que engravidaram com idade menor ou igual a 18 anos e as que tiveram de uma a duas gestações apresentaram menor risco de adquirir infecção genital pelo HSV. Constatou-se nesse estudo, uma alta prevalência de infecção genital pelo HSV, sendo que o HSV-1 foi mais prevalente que o HSV-2. Não se observou uma associação entre alterações morfológicas da cérvice uterina e a presença do vírus nas mulheres grávidas e não grávidas, nem entre a infecção genital pelo HSV e os fatores de risco clássicos para doenças sexualmente transmissíveis.