EFEITO DA DIPIRONA E DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO SOBRE PARÂMETROS ESPERMÁTICOS E NA CONTRAÇÃO DO DUCTO EPIDIMÁRIO DA REGIÃO DISTAL DA CAUDA DO EPIDÍDIMO DE RATO
Dipirona, ácido acetilsalicílico, contração ducto epididimário, testosterona e parâmetros espermáticos.
A dipirona e o ácido acesalicílico (AAS) são fármacos capazes de inibir a enzima ciclooxigenase e, consequentemente, a síntese de prostaglandinas. Estes agentes são amplamente usados ao redor do mundo para o tratamento da dor, febre e inflamação (exceto a dipirona que possui fraca/nenhuma ação anti-inflamatória). No entanto, os efeitos da dipirona ou AAS sobre a fertilidade masculina ainda não são completamente conhecidos, principalmente considerando o epidídimo como provável alvo para os efeitos anti-fertilidade destes fármacos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da dipirona e do AAS sobre parâmetros espermáticos, níveis de testosterona sérica e na contração de segmentos do ducto epididimário isolado da região distal da cauda do epidídimo de rato. Para cumprir estes objetivos, utilizamos segmentos do ducto epididimário da região distal da cauda do epidídimo de ratos Wistar adultos para avaliar os efeitos in vitro da dipirona ou AAS (10, 100 ou 1000 µM, pré-incubadas por 30 min) nas contrações induzidas pela adição cumulativa de concentrações crescentes de fenilefrina ou carbacol, ou pela adição de concentração única de KCl 80 mM por 5 min. Ademais, ratos Wistar adultos foram submetidos ao tratamento in vivo com solução livre de fármaco (controle), dipirona 100 mg/Kg ou AAS 100 mg/Kg, via gavagem, por 15 dias. Ao fim do tratamento, os animais foram eutanasiados, o sangue coletado para dosagem da testosterona sérica, os testículos e epidídimos isolados para determinação do: número de espermátides, produção diária de espermatozoides, concentração e tempo de trânsito dos espermatozoides pelo epidídimo. Segmentos do ducto epididimário da região distal da cauda do epidídimo de animais tratados e controles foram também montados em banho de orgão isolado para avaliação das contrações induzidas por fenilefrina, carbacol ou KCl. Verificamos que a dipirona 100 e 1000 µM foi capaz de reduzir o efeito máximo (Emax) da fenilefrina em aproximadamente 20 e 40%, respectivamente. A pré-incubação com dipirona 1000 µM foi capaz de diminuir o Emax do carbacol em 30% e de reduzir em 3 vezes a potência deste agonista. Da mesma maneira, a presença de AAS 100 ou 1000 µM reduziu o Emax para a fenilefrina em 20 e 30%, respectivamente. Por sua vez, observamos que a presença AAS 1000 µM reduziu significativamente o Emax e a potência do carbacol em aproximadamente 20% e 2,5 vezes, respectivamente. O tratamento in vivo com dipirona ou AAS por 15 dias foi capaz de reduzir os níveis séricos de testosterona em cerca de 60% para ambos os fármacos. Verificamos também que os animais tratados apresentaram uma diminuição significativa (P<0,05) na produção diária de espermatozoides e na concentração deste gameta no epidídimo. Por outro lado, o tempo de trânsito dos espermatozoides e a contração dos segmentos do ducto epididimário induzida por agonistas ou KCl não foram alterados nos animais tratados. Em conclusão, o tratamento in vivo com dipirona ou AAS reduziu a contagem de espermatozoides no epidídimo, sendo este efeito possivelmente relacionado a uma redução na produção de espermatozoides causada pela diminuição nos níveis de testosterona. Além disso, não observamos nenhuma evidência de que a atividade motora do epidídimo possa estar relacionada as alterações na quantidade dos espermatozoides na cauda do epidídimo de ratos submetidos ao tratamento com dipirona ou AAS.