Avaliação da atividade bioacústica em ninhos de Eretmochelys imbricata
(LINNAEUS, 1766) na Barreira do Inferno – RN
Quelônios; Tartaruga de pente; Comunicação; TAMAR
O litoral Potiguar é uma das áreas mais importantes com relação a reprodução da tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata), sendo a região de maior densidade de desovas da espécie no Atlântico Sul. Quelônios se comunicam principalmente através do olfato e da visão, mas, estudos recentes têm mostrado um potencial promissor no uso da comunicação acústica para este grupo. O trabalho visou identificar emissões acústicas produzidas por embriões e filhotes de tartaruga de pente, na Barreira do Inferno, Parnamirim–RN. Para a coleta de dados foi usado o gravador TASCAM DR-40 e uma taxa de amostragem de 96kHz. A pesquisa foi submetida ao Sistema de Autorização e informação em Biodiversidade, em que foi obtida a licença de número 61977-1. Até o momento, foram analisadas 81 gravações de ninhos de E. imbricata, com presença de ovos ou ovos e filhotes. A análise espectral das vocalizações foi executada no software RAVEN Pro 1.5 (Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY). Os achados variam entre sons pulsados e tonais, sendo a maioria encontrado em ninhos apenas com ovos, concordando com os resultados presentes na literatura. Foram determinados 4 tipos de sinais encontrados nos ninhos. O sinal tipo I (N=126) é composto por pulsos de duração entre 0,001s e 0,004s, podendo chegar a até 64 pulsos seguidos com pico de frequência entre 375 e 2625 Hz. Tipo II (N=108) é composto por 2, 3 ou uma série de pulsos, chegando até a 25, com uma duração de 0,001s cada pulso. O pico de frequência está entre 1125 e 1350 Hz. O som tipo III (N=31) é formado por uma única banda, com pouca modulação de frequência, possuindo maior energia em 24,06dB e uma duração entre 0,004 e 0,096 s, sendo os sinais mais longos encontrados. Os de tipo IV (N=35), são sinais tonais, com a presença de 2 a 5 harmônicos e podem ter até 6 pontos de inflexão, com uma duração entre 0,003 e 0,032 s. Alguns sons possuem o 2º ou 3º harmônicos com uma maior quantidade de energia do que o 1º, variando entre 49 e 65 dB e tendo um inband power com média de 28,95 dB. Os sons pulsados foram os mais encontrados nas gravações dos ninhos de Eretmochelys imbricata, sendo o tipo I e II os sinais mais comuns, presentes tanto nos ninhos que tinham apenas ovos, como nos ninhos que já continham filhotes. Sons tonais como os tipos III e IV foram encontrados principalmente quando já havia presença de filhotes fora dos ovos. A janela utilizada foi do tipo Hamming, com tamanho FFT 256 para os tipos I e II e 512 para os tipos III e IV. As emissões encontradas remetem a sons de quelônios como Chelodina oblonga, Podocnemis expansa e Dermochelys coriacea. Mais fravações devem ser analisadas, afim de confirmar a existência de mais padrões sonoros detectados. O trabalho ocorre em parceria com o projeto TAMAR e apresenta resultados promissores sobre a sonora de filhotes de E. imbricata.