AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA RETIRADA DO ÁLCOOL A CURTO E LONGO PRAZO SOBRE COMPORTAMENTOS RELACIONADOS À ANSIEDADE E MARCAÇÃO DE CÉLULAS SEROTONINÉRGICAS NO NÚCLEO DORSAL DA RAFE DE RATOS
Ansiedade. Álcool. Campo aberto. Núcleo dorsal da rafe. Labirinto em cruz elevado. Sistema serotonérgico. Retirada.
O uso abusivo de álcool é classificado como um transtorno induzido por uso de uma substância, capaz de produzir intoxicação, abstinência e transtornos de ansiedade, podendo levar à recaída. Diversos estudos demonstraram o envolvimento do sistema serotonérgico como modulador de comportamentos relativos à ansiedade e recompensa e de muitas regiões encefálicas nos substratos neurais da ansiedade e dependência do álcool. Dentre estas áreas, pode-se citar o Núcleo Dorsal da Rafe e suas porções, de onde partem a maioria dos neurônios que liberam 5-HT em várias áreas encefálicas. Com isso, o objetivo deste estudo foi investigar se o álcool alteraria a marcação de células serotoninérgicas no NDR, especificamente nas porções DRD e DRV, em animais submetidos a retirada a curto (3 dias) e longo prazo (21 dias), bem com seu consumo contínuo e correlacionar a marcação das células com estados comportamentais relacionados a ansiedade gerada pela retirada do álcool. Para isso, foram realizados dois experimentos independentes: no experimento 01 (etapa comportamental), ratos Wistar machos, foram divididos em 3 grupos experimentais, sendo grupo controle (água), grupo retirada 3 dias e grupo retirada 21 dias e receberam tratamento crônico com álcool por 21 dias e, após a retirada de 3 dias e retirada de 21 dias, foram submetidos ao labirinto em cruz elevado (LCE). Vinte e quatro horas depois, foram submetidos ao campo aberto (CA) onde foram avaliados comportamentos relacionados a ansiedade por 5 minutos. No experimento 02 (análise imuno-histoquímica) os grupos mencionados anteriormente foram acrescidos do grupo que recebeu álcool contínuo por 21 dias, sem retirada e seguiram o mesmo esquema de tratamento e retirada. Então, realizou-se a perfusão e posteriormente a imuno-histoquímica nas porções DRD e DRV do NDR. Os pesos e consumo de ração e água/álcool foram acompanhados ao longo do período experimental, para ambos os experimentos. No experimento 1 observou-se que a retirada do álcool por 3 ou 21 dias não alteraram os parâmetros convencionais e etológicos relacionados a ansiedade no LCE e CA, bem como não alterou a locomoção no LCE. No experimento 2, foi observado que a retirada do álcool por 3 ou 21 dias e consumo continuo, não alteram de forma significava a imunomarcação de células serotoninérgicas em ambas as porções observadas. Porém, observou-se um aumento significativo da densidade de células para o grupo retirada 3 dias. Não houve alteração no consumo de ração e ingestão de água ao longo de período experimental, porém observou-se uma diminuição significativa do peso corporal, quando comparados ao controle. Este estudo demonstrou que a neurotransmissão serotoninérgica pode ser afetada pela retirada do álcool, todavia essa alteração não foi associada ao comportamento relacionados a ansiedade.