EXTRATOS ORGÂNICOS OBTIDOS DAS FOLHAS DE Encholirium spectabile E Syzygium cumini: TOXICIDADE E ATIVIDADE INIBITÓRIA FRENTE A Helicobacter pylori.
CIM, Helicobacter pylori, óleo essencial, plantas medicinais, toxicidade in vitro.
Reconhecida como uma das principais causas dos quadros de gastrite, úlcera e câncer gástricos e do linfoma MALT, a Helicobacter pylori, uma bactéria espiralada Gram negativa móvel e microaeróbia, é um microrganismo em destaque na área da microbiologia médica. Sua importância se deve pela dificuldade de tratamento, devido à necessidade do uso concomitante de vários medicamentos além do crescente surgimento de cepas resistentes e multirresistentes aos antibióticos empregados na clínica. Com o intuito de ampliar a gama de opções terapêuticas eficazes e seguras, ultimamente, vem sendo intensificados estudos químicos sobre plantas medicinais, seja através da obtenção de extratos, frações, compostos isolados ou óleos essenciais que apresentem algum tipo de atividade biológica. Tendo isso em vista, objetivou-se avaliar a atividade inibitória de extratos vegetais oriundos do Syzygium cumini e Encholirium spectabile, plantas com histórico de ação anti-úlceras, e do óleo essencial obtido do S. cumini frente a H. pylori (ATCC 43504) utilizando a técnica de difusão em disco, para avaliação qualitativa, e a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) através da técnica de microdiluição em caldo, para análise quantitativa. Também foi avaliada a toxicidade in vitro em teste de hemólise utilizando eritrócitos de carneiro e em cultura de células utilizando as linhagens HeLa e Vero. Os extratos de ambos vegetais empregados nos ensaios antimicrobianos não inibiram o crescimento bacteriano, em contrapartida o óleo essencial do S. cumini mostrou-se eficaz, exibindo CIM de 230 μg/mL (diluição equivalente a 0,027% do óleo bruto). Quanto ao ensaio hemolítico o óleo essencial exibiu toxicidade intermediária ao promover 25% de hemólise a 1000 μg/mL. Em relação à toxicidade em cultura de células o mesmo óleo comprometeu a viabilidade de cerca de 80% das células HeLa e 50% das células Vero. Portanto o óleo obtido das folhas do S. cumini apresenta potencial antibacteriano frente a H. pylori e atividade antineoplásica sugerindo-se uma opção ou complementação terapêutica válida desde que novas etapas de toxicidade in vivo sejam avaliadas. Além disso, uma nova perspectiva seria o auxílio de ferramentas nanotecnológicas para o desenvolvimento um protótipo utilizando esse óleo, viabilizando testes clínicos avançados.