Bioecologia da Ictiofauna Marinha Descartada pelo Arrasto Camaroeiro em Praias da Bacia Potiguar, Brasil.
Composição da ictiofauna, estágio reprodutivo, dieta, atividade Alimentar.
A composição da ictiofauna descartada pelo arrasto camaroeiro, sua fase reprodutiva e ecologia alimentar foram estudadas nas praias da Bacia Potiguar, Brasil. Os peixes foram coletados mensalmente, no ano de 2012. Durante as biometrias, porções do tubo digestório e das gônadas foram retiradas, fixadas em formol a 10% e Bouin, respectivamente, para serem submetidas ao tratamento histológico pelas técnicas de Hematoxilina-Eosina. Foram realizadas as análises de conteúdo estomacal através dos Métodos de Frequência de Ocorrência e Volumétrico e foi calculado o Índice de Repleção. Ao longo do período de estudo foram registrados um total de 49 espécies. As assembleias de peixes diferiram entre os trechos de monitoramento, com maior valor de abundância, biomassa e dos índices de riqueza e diversidade nos trechos B, C e D. Já o trecho A, apresentou maiores valores para dominância e equitabilidade. Na análise de Cluster de acordo com a similaridade faunística, observou-se a formação de três grupos: o grupo I formado pelos trechos B e D, o grupo II composto pelo trecho C e o grupo III formado pelo trecho A. A avaliação do estágio reprodutivo revelou que as assembleias de peixes descartadas pelos arrastos são compostas principalmente por juvenis. Em relação a ecologia alimentar, as espécies Larimus breviceps, Menticirrhus littoralis e Pomadasys corvinaeformis caracterizaram-se como carnívoras com tendência a carcinofagia. Já Conodon nobilis caracterizou-se como carnívora com tendência a piscivoria, porém todas se revelaram generalistas – oportunistas e com maior atividade alimentar durante estiagem. O dendograma de agrupamento das espécies com base nos itens alimentares ingeridos demonstrou a formação de quatro grupos: O grupo I composto por espécies que se alimentam principalmente de “gastrópode” e “sedimento”; o grupo II de “teleósteo”; o grupo III de “crustacea” e o grupo IV de “equinodermata” e “bivalve”. As características morfohistológicas do tubo digestório das espécies analisadas mostraram-se consistentes com seus hábitos alimentares. Assim, a Costa Branca do RN pode ser considerada um sítio de alimentação e recrutamento para peixes juvenis, os quais se utilizam oportunisticamente de recursos associados com o fundo.