Bioecologia da ictiofauna marinha descartada pelo arrasto camaroeiro em praias da Bacia Potiguar, Brasil.
estrutura da ictiofauna, condição reprodutiva, dieta, atividade alimentar.
A composição da ictiofauna descartada pelo arrasto camaroeiro, sua condição reprodutiva e ecologia alimentar foram estudadas nas praias da Bacia Potiguar, Brasil. Os peixes foram coletados mensalmente, de janeiro a dezembro de 2012, percorrendo uma extensão aproximada de 200 km através de monitoramentos utilizando quadricíclo dos trechos: A) Areia Branca, RN – Icapuí, CE; B) Areia Branca – Porto do Mangue, RN; C) Guamaré – Macau, RN e D) Galinhos – Caiçara do Norte, RN. Ao longo do período de estudo foram registrados um total de 49 espécies, totalizando 1.420 espécimes. Os exemplares capturados foram medidos, pesados, dissecados e registrados o peso do estômago, das gônadas e o estágio de maturação gonadal. Durante a biometria essas estruturas foram retiradas, fixadas em formol a 10% para serem submetidas ao tratamento histológico pelas técnicas de Hematoxilina-Eosina. Foram realizadas as análises de conteúdo estomacal através dos Métodos de Frequência de Ocorrência e Volumétrico. As análises de Abundância em número de indivíduos, Biomassa total, Diversidade de Shannon-Wiener (H’), Equitabilidade de Pielou (J) e Riqueza de Margalef (d) foram processados no programa PAST, versão 2.14., As assembleias de peixes diferiram entre os trechos de monitoramento, com maior valor de abundância, biomassa e dos índices de riqueza e diversidade nos trechos B, C e D. Já o trecho A, apresentou maiores valores para dominância e equitabilidade. Através da análise de similaridade faunística entre os trechos de monitoramento, observou-se a formação de três grupos: o grupo I formado pelos trechos B e D, o grupo II composto pelo trecho C e o grupo III formado pelo trecho A. A composição ictiofaunística e sua abundância entre os trechos de monitoramento parecem variar de acordo com a disponibilidade de alimento. A avaliação da condição reprodutiva através de análise macro e microscópica revelou que as assembleias de peixes descartadas pelos arrastos são compostas principalmente por juvenis. Em relação a ecologia alimentar, os itens “Crustacea” e “Teleostei” foram os mais ocorrentes na dieta das espécies analisadas, indicando assim uma grande abundância destes itens na zona costeira do litoral setentrional do RN. As espécies Larimus breviceps, Menticirrhus littoralis e Pomadasys corvinaeformis caracterizaram-se como carnívoras com tendência a carcinofagia. Já Conodon nobilis caracterizou-se como carnívora com tendência a piscivoria, porém todas se revelaram generalistas - oportunistas. Os maiores valores do índice de repleção estomacal (IR) ocorreram na estação seca. O dendograma de agrupamento desenvolvido com base nos itens alimentares ingeridos por 16 das 49 espécies registradas demonstra a formação de quatro grupos: O grupo I composto por espécies que se alimentam principalmente de “molusco gastrópode” e “sedimento”. O grupo II, cujo principal item é “peixe teleósteo”. O grupo III que tem como item alimentar de maior importância “crustacea” e o grupo IV, cujos itens alimentares predominantes são “equinodermata” e “molusco bivalve”. As características morfohistológicas do tubo digestório mostraram-se consistentes com os hábitos alimentares das espécies analisadas. Nesse contexto, a Costa Branca do RN pode ser considerada um sítio de alimentação e recrutamento para peixes juvenis, os quais se utilizam oportunisticamente de recursos associados com o fundo.