AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM PLANTAS DE CANA-DE-AÇÚCAR TRATADAS COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
Cana-de-açúcar, estresse oxidativo, proteomica, atividade enzimática
O gênero Saccharum sp. pertence a família: Poaceae. A cana-de-açúcar tornou-se uma das principais monoculturas no Brasil devido à qualidade dos seus produtos: etanol e açúcar. A qualidade produtiva pode variar nas diferentes regiões do Brasil como sudeste e nordeste, por adaptações destas gramíneas as diferentes condições edafo-climáticas, condições de solo e temperatura que promovem o estresse oxidativo, hídrico e consequentemente o florescimento precoce e perdas consideráveis na produção. Neste trabalho, procurou-se averiguar as prováveis alterações morfofisiológica, bioquímica e molecular resultantes da resposta das plantas ao estresse oxidativo. Deste modo, as plantas de cana-de-açúcar foram cultivadas em condições controladas e quando atingiram dois meses foram submetidas a uma condição de hidropônia por 24 horas e em seguida ao estresse oxidativo por 8 horas utilizando as concentrações de peróxido de hidrogênio: 0 mM; 10 mM; 20 mM e 30 mM. Foram observadas as seguintes alterações morfológicas para as folhas: o fechamento foliar parcial e total de acordo com o aumento da concentração de peróxido de hidrogênio utilizada. As análises histomorfológicas permitiram verificar para ambos os tecidos (foliar e radicular) sofreram alterações estruturais relacionadas ao aumento do volume das células propiciando, assim, a quebra das paredes das membranas dos vasos condutores xilema e floema entre outras modificações anatômicas em diferentes regiões, o qual sugeriu que a planta respondeu rapidamente ao estímulo do peróxido de hidrogênio, e em resposta a este promoveu a lignificação das paredes das células e acúmulo das moléculas de H2O2 intracelular e nas membranas das células. Este corresponde a um forte indicador que houve uma homeostase redox por vias de sinalização e com isso provavelmente um equilíbrio entre as moléculas de ROS e antioxidantes. Outra ferramenta utilizada nesse trabalho foi a proteômica, onde foi utilizado o sequenciamento por meio de géis bidimensionais como também pelo sequenciamento direto utilizando o EZI Q –TOF. Os resultados obtidos permitiram com essa abordagem identificar mais de 3.000 proteínas com o score variando de 100-5000 íons. Dentro das proteínas identificadas encontramos proteínas envolvidas no metabolismo em resposta ao estresse oxidativo, proteínas do aparelho fotossintético como 30 % corresponderam a proteínas hipotéticas e/ou desconhecidas. Também foi analisada a atividade enzimática das enzimas SOD; CAT e APX, que mostraram que a enzima catalase teve sua atividade reduzida nas folhas e esta não foi detectada nas raízes. Entretanto foi observado um aumento na atividade da superoxido dismutase nas raízes. Nessa abordagem bioquímica foi analisado a peroxidação de lipídeos que mostrou que ocorreram danos nas membranas de folha e raízes principalmente para a concentração de 30 mM. Neste contexto, estes resultados permitem verificar que o tratamento na concentração de 10 mM de H2O2 ativou várias cascatas de sinalização que permitiram as plantas responder a este estímulo. Entretanto, a concentração de 30 mM foi extrema e as alterações observadas estão levando a uma condição de morte, pois as células vegetais já não conseguem manter a homeostase do sistema redox.