Entre o virtual e o presencial: a festa como espaço de desenho de experiências
Eventos; Experiência do Usuário; Design de Eventos; Tecnologia; Festa Junina.
Ao longo dos tempos, os eventos têm passado por metamorfoses significativas, impulsionadas por uma miríade de influências, desde avanços tecnológicos até mudanças culturais. Essas transformações são particularmente evidentes quando se considera a experiência do usuário como algo que transcende a mera participação, tornando-se a chave para a conexão emocional, e o design de eventos como uma ferramenta crucial na projeção de vivências memoráveis. Nesse sentido, a presente pesquisa analisou a influência do método de Design de Eventos para a otimização e aprimoramento da experiência do usuário, considerando as dinâmicas distintas entre o universo virtual e presencial. Utilizando a fenomenologia como método, buscou-se identificar as experiências projetadas pelos organizadores e compreender as percepções, emoções e significados atribuídos pelos participantes. A abordagem qualitativa foi empregada por permitir uma compreensão profunda e contextualizada de fenômenos complexos e subjetivos. Com foco nas festas populares, o universo do estudo englobou as festas juninas do nordeste brasileiro, delimitando a amostra no Mossoró Cidade Junina, no São João de Campina Grande e no São João de Caruaru, determinando como atores da pesquisa os usuários dos festejos, virtuais e presenciais, e representantes das organizações envolvidas. Utilizou-se da combinação das escalas Domínios da Experiência, Events Experience Scale (EES), Event Social Interaction Scale (ESIS) e Event Experience Mapping Model (EEMM) para o desenvolvimento das ferramentas de coleta de dados: roteiro de entrevista semiestruturada em profundidade, plano subsidiador da observação participante, questionário integrado de medição e interpretação da experiência do usuário e card sorting destinado a amostra teórica. A análise dos dados foi realizada com base na Teoria Fundamentada dos Dados Straussiana ou Relativista (TFD) e com o auxílio do software Iramuteq. Considerando os resultados provenientes do âmbito virtual e presencial, demonstrou-se que, embora haja uma preocupação genuína da organização das festas com a experiência dos participantes, a falta de uma abordagem estratégica e orientada ao design de eventos limitou o potencial de criação de experiências. As lacunas identificadas, por meio da triangulação dos dados, revelaram que essa ausência resultou em uma ação incipiente sobre as dimensões do engajamento cognitivo, apesar das festas juninas disponibilizarem amplo espectro para concatenar o entretenimento ao aprendizado, e sobre a vivência da novidade, que emergiu de forma incipiente diante do contexto inovador das lives disponibilizadas em período pandêmico. Assim, validou-se o entendimento do design de eventos como uma ferramenta essencial a ser integrada à uma dinâmica mais ampla que considera a implementação de tecnologias inovadoras; acessibilidade; envolvimento comunitário; significado - aqui representado pela cultura; hospitalidade, comunicação direta entre organização e usuários, serviços básicos e fundamentais aos eventos - saúde e segurança; e equidade na entrega dos serviços, para assim potencializar a entrega de experiências memoráveis e significativas aos participantes.