Turismo e pobreza em áreas de conservação em Moçambique: um estudo sobre a participação cidadã no Parque Nacional do Limpopo.
Turismo. Pobreza. Neoliberalismo. Participação cidadã. Moçambique. Parque Nacional do Limpopo.
O turismo em áreas de conservação é constituído por três principais aspectos: a racionalidade sobre a integração das comunidades locais, a conservação ambiental neoliberal e a espacialização do uso turístico, os quais reúnem tensões no seio da população em situação de pobreza. Neste contexto, as áreas de conservação são focos para se entender o turismo por abrangerem relações de poder onde concentram as ações cotidianas e os processos externos, como a atuação de diversos agentes na restruturação do território. A tese tenciona compreender a dinâmica do turismo e narrativas da pobreza, considerando o ideário de desenvolvimento vinculado ao contexto das áreas de conservação em Moçambique, especialmente no Parque Nacional de Limpopo, buscando analisar o turismo e as narrativas associadas à pobreza; o contexto da criação das áreas de conservação e o seu nexo com a ação dos diversos agentes; assim como, problematiza o ideário neoliberal e o seu fundamento na restruturação das áreas de conservação, além da agenda política do turismo e indaga o processo de participação cidadã e as transformações sociais nas comunidades autóctones, com fins de organização interna de seus territórios. Do ponto de vista metodológico, tendo como base a abordagem qualitativa, busca-se realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a temática em estudo e documental, analisando os documentos diretivos moçambicanos, como planos nacionais e de manejo, vinculados ao turismo, pobreza e conservação. Foi realizada a pesquisa empírica com o auxílio de entrevistas em profundidade, para a colher o sentimento e o raciocínio das pessoas vinculadas à dinâmica do Parque Nacional do Limpopo. Além de coletar informações com os nativos e lideranças comunitárias para a obtenção de depoimentos que relatem a vida dos sujeitos envolvidos, realizou-se entrevistas com entidades estatais do turismo e conservação, assim como, com a principal Organização Não-Governamental parceira, com vista a identificar suas reflexões e ações concretas. O turismo desempenha um papel fundamental no âmbito das ações e práticas da estruturação dialógica cotidiana, revelando-se como fundamental na formação de narrativas. Este fenômeno complexo é influenciado por diversos fatores, incluindo os mecanismos e fins da política internacional nas relações do turismo. Também, as ideologias vinculadas à atuação do Estado desempenham um papel significativo, deixando suas marcas na construção do turismo e no contexto das representações políticas face às diversas realidades sociais. Por se tratar de comunidades de pequenos grupos, a articulação é flexível, mas o processo decisório é tanto questionável, visto que a fragilidade da participação cidadã, o acesso à informação e a tomada de decisões cruciais para os seus destinos dependem das relações de poder construídas historicamente, partindo do contexto familiar até constitucional.