RESILIÊNCIA ROMEIRA: A PROMOÇÃO DO TURISMO RELIGIOSO NO GEOSSANTUÁRIO DE SANTA CRUZ DOS MILAGRES (PIAUÍ)
Resiliência romeira; Práticas devocionais; Turismo religioso.
Esta tese tem por objetivo compreender as práticas devocionais resilientes dos romeiros, cooptadas pelo planejamento das políticas de turismo religioso no Santuário de Santa Cruz dos Milagres, principal centro de romaria no estado do Piauí. No âmbito turístico, a resiliência é forjada por processos econômicos, políticos e socioculturais. A resiliência romeira consiste na capacidade adaptativa dos romeiros, amparada, sobretudo, por discursos, sentimentos e práticas que modelam as competências subjetivas dos fiéis e vincula-se à promoção turística religiosa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e exploratório. Os dados foram descritos e interpretados a partir do material coletado do levantamento documental, de entrevistas semiestruturadas, da observação participante e dos registros fotográficos. O recorte temporal parte dos anos 2000, com a projeção de políticas eclesiais e turísticas. Como principais resultados, podem ser destacadas as ações devocionais em constante movimento, exigindo uma capacidade adaptativa frente às contínuas mudanças, inovações e influências externas, as quais possibilitam uma flexibilidade (ressignificação) das antigas formas de realizar romarias e outras experiências devocionais e turísticas. A resiliência romeira, ao ser tecida a partir das exigências do mercado turístico, promove o espetáculo (performance), trazendo para o cenário sagrado diferentes formas e funções. As interpretações possibilitaram estabelecer a tese de que a resiliência no turismo religioso integrada ao planejamento turístico compõe a experiência devocional dos romeiros, representando não apenas uma resposta diante das situações de crise, mas se destacando como característica intrínseca das devoções que se adaptam, resistem e se (re) organizam mediante a inter-relação com a sacralidade e o lugar.