Construção e Validação Empírica de um Protocolo de Certificação da Qualidade Turística para Praias Urbanas (PCTP)
Praias. Certificações. Índices de qualidade. Turismo.
Considerando a praia como um dos principais fatores de atratividade dos destinos turísticos costeiros e sua relevância ambiental, econômica e recreativa, a manutenção de sua qualidade é considerada um investimento na economia do turismo, uma vez que o turismo de sol e mar é responsável pelo maior fluxo turístico do Brasil. Neste contexto, surgem as certificações de praias que se traduzem como uma garantia de qualidade para gestores e turistas. A maioria dos protocolos de certificação abordam prioritariamente os aspectos ambientais e de gestão da praia (infraestrutura, manutenção de serviços, etc.), mas os critérios relevantes para a qualidade turística são pouco discutidos. No Brasil, a única certificação de praia existente (Bandeira Azul) é aplicada em poucas praias e consiste em um selo ecológico que não permite a avaliação de outras dimensões necessárias para se avaliar a qualidade turística, visto que o único parâmetro disponível é a balneabilidade das mesmas. Diante do exposto, surgem os seguintes questionamentos: Que dimensões devem ser consideradas em protocolos de certificação da qualidade de praias para fins turísticos? E que indicadores são considerados importantes para a certificação da qualidade turística de praias? Assim, esta tese tem como objetivo central construir e validar empiricamente um Protocolo de Certificação da Qualidade Turística para Praias Urbanas (PCTP), considerando a criação de indicadores específicos para o turismo, a fim de contribuir com uma metodologia de monitoramento da qualidade das praias. Para isto, a pesquisa, de abordagem qualiquantitativa e multimetodológica, contou com quatro etapas: 1) Identificação das variáveis do Protocolo através da revisão sistemática de literatura com o auxílio do método Proknow-C (Ensslin; Ensslin; Lacerda & Tasca, 2010) que permitiu desenvolver a estrutura conceitual do Protocolo 2) Realização da técnica Delphi e Painel com especialistas da área para o refinamento das dimensões e indicadores do Protocolo; 3) Aplicação de questionários com os visitantes (turistas e residentes) das praias estudadas para validação do instrumento e obtenção dos dados necessários para criação do Índice da Qualidade Turística (IQT) de cada praia; 4) Validação do protocolo de avaliação por meio do cálculo dos IQT das praias e interpretação dos resultados a partir de 5 níveis de qualidade turística: Qualidade Turística Péssima; Qualidade Turística Ruim; Qualidade Turística Regular; Qualidade Turística Boa (Esperada) e Qualidade Turística Excelente. A versão final do PCTP foi composta por 4 dimensões: Qualidade Ambiental (QA), Qualidade da Infraestrutura Turística (QIT), Qualidade da Infraestrutura Básica (QIB) e Qualidade da Experiência (QE), que foram avaliadas a partir de 17 subdimensões e 75 indicadores. O protocolo foi testado em duas praias consolidadas com o turismo de sol e mar da cidade de João Pessoa, na Paraíba: Cabo Branco e Tambaú. Os resultados indicaram que a qualidade turística destas duas praias foi considerada boa (nível 4), com índices superiores a 0,61. Desta forma, as duas praias poderiam ser certificadas como 4 estrelas em uma escala de 5 níveis. Concluiu-se que os fatores mais importantes da qualidade percebida pelo visitante foram a limpeza e a segurança, seguido da infraestrutura (básica e turística). Além disso, a pesquisa confirmou a relação entre a qualidade percebida, a satisfação e a fidelidade da praia. Por fim, esta pesquisa trouxe contribuições teóricas e gerenciais relevantes, como o conceito de “qualidade turística” e avançou nas discussões sobre índices avaliativos e certificações para praias urbanas, propondo uma ferramenta inédita (PCTP) para avaliar as praias urbanas brasileiras a partir da percepção do usuário de praias (visitante).