Lagartos e seus servicos ecossistemicos no semiarido brasileiro: Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825) como Bioindicador de Exposicao a Radioatividade Natural
Répteis; Radônio; Micronúcleo
A utilização de animais como bioindicadores é fundamental para analisar os efeitos da radiação ionizante, permitindo avaliações preliminares dos riscos biológicos envolvidos. Os Squamata, grupo que inclui os lagartos e serpentes, demonstram grande importância devido à baixa mobilidade e fisiologia ectotérmica, que os torna sensíveis a alterações ambientais e à lentidão nos processos de recuperação celular, além do risco de ingestão acidental de fragmentos contaminados, inalação de gases tóxicos e a exposição pelo contato dérmico. Nesse contexto, este estudo investigou o potencial do lagarto Phyllopezus pollicaris como bioindicador de contaminação ambiental por radionuclídeos, focando na detecção de danos genotóxicos causados pela exposição à radiação natural nas áreas ricas em urânio do Seridó, região semiárida do Rio Grande do Norte. A hipótese testada é que, devido à sua ampla distribuição e comportamento ecológico generalista, P. pollicaris seria sensível à radiação ionizante, revelando efeitos mutagênicos em áreas com altos níveis de radioatividade. Foram coletadas amostras de sangue de indivíduos provenientes de três localidades de alta a média radioatividade na Caatinga do Seridó, comparadas a uma área de baixa radiação, a Reserva da Mata Estrela, na Mata Atlântica. As análises citogenéticas foram conduzidas por meio do teste de micronúcleos (MN) e outras anormalidades nucleares em eritrócitos. Os resultados indicaram um aumento significativo na frequência de MN e outras alterações nucleares nos espécimes das áreas radioativas, em comparação com a ausência de MN nos indivíduos da área da Mata Estrela, sugerindo portanto, uma correlação direta entre a radiação ionizante e os danos genotóxicos, sugerindo que P. pollicaris tem potencial para ser um indicador eficaz de contaminação ambiental por radionuclídeos.