Fatores associados à efetividade da doação de órgãos e tecidos para transplantes.
Enfermagem, Doação de órgão; Efetividade; Transplante de órgãos; Avaliação de processos e resultados.
O transplante apresenta-se como importante opção terapêutica, tanto do ponto de vista médico, quanto social ou econômico. Assim, a identificação das variáveis que podem interferir na efetividade da doação de órgãos e tecidos para transplante precisa ser investigada de maneira adequada, pois se está diante de crescente índice de doenças crônicas e degenerativas na população, que faz com que a lista de espera para transplante cresça desproporcionalmente e muitos pacientes cheguem ao óbito sem a oportunidade de realização do tratamento devido à carência de doadores. Nesse contexto, definiu-se como objetivo desse estudo avaliar os fatores associados à efetividade da doação de órgãos e tecidos para transplantes. Trata-se de pesquisa avaliativa, quantitativa, com delineamento longitudinal, desenvolvida na Central de Captação, Notificação e Doação de Órgãos para transplantes, Organização de Procura de Órgãos e em seis unidades hospitalares credenciadas para captação e transplante de órgãos e tecidos, em Natal-RN, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº 414/10 e CAAE 007.0.294.000-10. A amostra probabilística com reposição foi composta de 65 potenciais doadores. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um roteiro estruturado de observação não participante do tipo check list. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e apresentados em forma de tabelas, quadros, gráficos e figuras. Para tanto, utilizou-se o Microsoft Excel 2007 e um software estatístico. Para verificar o nível de significância optou-se pela aplicação dos testes Qui-quadrado (χ2) e Mann Whitney e para as caselas inferiores a cinco, considerou-se o teste exato de Fisher. Adotou-se como nível de significância p < 0,05. Calculou-se também a Razão de Chance (RC) entre a efetividade ou não da doação. Entre os pesquisados observou predominância de indivíduos do sexo masculino (50,8%), faixa etária até 45 anos (53,8%), média de idade de 42,3 anos, mínimo de 5 e máximo de 73 anos (± 17,32 anos). Solteiros/viúvos/divorciados (56,9%), com até o ensino fundamental (60,0%), em exercício de atividade profissional (86,2%), católicos (83,1%) e residentes na região metropolitana de Natal (52,3%). Obteve-se efetividade de doação de 27,7%. Não ocorreu significância estatística entre estrutura e a efetividade da doação, porém observaram-se inadequações nos recursos físicos (36,9%), materiais (30,8%), estrutura organizacional (29,2%) e recursos humanos (18,5%). No processo, as fases de manutenção (p= 0,004; RC=1,6), diagnóstico de morte encefálica (p= 0,032; RC=1,4), entrevista familiar (p ≤ 0,001; RC=1,9) e documentação (p= 0,001; RC=11,5) apresentaram significância estatística com a efetividade. Assim, se aceita a hipótese alternativa do estudo, na qual se evidencia que a adequação dos fatores relacionados à estrutura e processo está associada à efetividade da doação de órgãos e tecidos para transplantes. Espera-se que esses dados forneçam subsídios para o planejamento das ações relativas à doação de órgãos e tecidos e contribua para a diminuição do tempo e do sofrimento daqueles que aguardam um órgão ou tecido na fila de transplante no Brasil.