A (re) construção da identidade profissional de enfermeiras migrantes.
Enfermagem, Recursos Humanos de Enfermagem, Enfermeira, Migração Humana.
A migração de enfermeiras configura-se um fenômeno importante com implicações variadas, tanto para os locais de origem como para os de destino. Fatores individuais, sociais e profissionais influenciam na decisão pela migração dessas trabalhadoras e as experiências vivenciadas por elas refletem diretamente na construção de suas identidades pessoais e profissionais. Como objetivo, o estudo analisou a decisão das enfermeiras que apresentam vínculo empregatício em uma instituição pública hospitalar de ensino migrarem para outra instituição nas regiões do Brasil. Trata-se de um estudo analítico, com abordagem qualitativa, mediada pela História Oral Temática. Foram convidadas a participar do estudo enfermeiras lotadas em quatro hospitais universitários geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares que migraram destas unidades tanto quanto do caminho inverso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e sua análise através das categorias resultantes do diálogo entre os autores estudados no referencial teórico, sobre a temática. A pesquisa teve aprovação do Comitê de ética e Pesquisa da UFRN com o Parecer de número 6.278.154 e CAAE 70566623.5.0000.5537. Foram realizadas treze entrevistas respeitando a disponibilidade e preferência das mesmas quanto ao formato. Sendo assim, foram onze entrevistas presenciais e duas por meio da plataforma Google Meet. Houve uma predominância de colaboradoras do sexo feminino, com idade entre 32 e 48 anos. Quanto à titulação acadêmica, todas informaram possuir no mínimo duas pós-graduações Lato Sensu e apenas três informaram pós-graduação Stricto Sensu a nível de Residência e Mestrado. A crise inicial na inserção do mercado de trabalho de uma sociedade capitalista com as suas frustrações do desemprego, vínculos precários em cooperativas e a falta de reconhecimento perante a sociedade, estimulou a busca pela qualificação profissional como meio de saída daquela realidade. Essa qualificação, a todo instante estava regada de expectativas pela mudança daquele meio ao qual estavam inseridas, na qual influenciou para a decisão da primeira migração de onze das treze colaboradoras do estudo. Entretanto, o amadurecimento pessoal e profissional após suas experiências migratórias promoveu uma nova crise identitária: a busca da identidade para si. As enfermeiras do estudo não queriam apenas a identidade social, mas também o prazer do pertencimento e assim, das onze colaboradoras que migraram a primeira vez para distante de seus estados oito decidiram migrar mais uma vez para próximo de sua essência, promovendo a (re) construção de suas identidades profissionais com um novo começo, novos ambientes, novas amizades e novos processos de trabalho. Constatou-se na pesquisa que a identidade profissional é mutável, ligada diretamente a identidade individual e que ao encontrarem seu novo pertencimento, através de suas escolhas e não apenas por uma questão econômica, as colaboradoras desenvolvem suas atividades laborais com satisfação e prazer. Como enfermeiras, isso reflete diretamente não só em suas carreiras profissionais, mas também em suas vidas pessoais e de toda a sociedade que depende de seus cuidados em saúde.