Omissão de cuidados de enfermagem em unidade de atendimento a pacientes com COVID-19
Infecções por Coronavírus; Cuidados de Enfermagem; Avaliação de Resultados da Assistência ao Paciente; Segurança do Paciente; Qualidade da Assistência à Saúde.
A pandemia ocasionada pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 fomentou o aumento rápido de novos leitos de internação, reorganizações de fluxos assistenciais e demanda por profissionais, sobretudo de enfermagem. Entretanto, com o aumento da necessidade de atendimento hospitalar, o medo do contágio da doença, o desgaste físico e emocional do profissional, a escassez de Equipamentos de Proteção Individual e a falta de insumos para realização do cuidado propiciam interrupções e incidentes na assistência de enfermagem. Neste ínterim, esse estudo traz como questões norteadoras: que cuidados de enfermagem são omitidos durante o atendimento ao paciente com Coronavirus disease 2019? Quais suas causas e fatores associados? E, tem como objetivo descrever os cuidados omitidos na perspectiva da equipe de enfermagem em unidade de cuidados a pacientes com Coronavirus disease 2019. Trata de um estudo transversal com abordagem quantitativa, realizado no Hospital Universitário Onofre Lopes com enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva destinadas ao atendimento dos pacientes acometidos pelo novo coronavírus. Para tanto, utilizou-se o instrumento Missed Nursing Care Survey-BRASIL para coleta de dados, no segundo semestre de 2021. Analisou-se os dados de forma descritiva, com cálculo de frequência simples, tendência central e dispersão. O estudo teve sua aprovação autenticada pelo parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa, nº 4.812.664, CAAE:47765821.0.0000.5537. Foram avaliados os cuidados mais omitidos descritos por 71 profissionais de enfermagem, 28 (40%) enfermeiros e 43 (60%) técnicos de enfermagem, 51 (72%) eram do sexo feminino, com média de idade de 41 anos e 65 (91%) com turno de trabalho de 12 horas. Desses, 44 (62%) atuavam na Unidade de Terapia Intensiva e 27 (38%) na enfermaria. Salienta-se que 37 (52%) eram profissionais efetivos do hospital e 34 (48%) provenientes de processo seletivo emergencial para complementação da força de trabalho frente a doença causada pelo novo coronavírus. O tempo de experiência no setor de cuidado ao paciente com Coronavirus disease 2019 variou de um a 16 meses e o tempo de atuação profissional de três a 33 anos. Entre os cuidados mais omitidos, o mais prevalente foi a deambulação três vezes por dia, ou conforme prescrito. Com relação as percepções dos profissionais de enfermagem, observou-se que, entre os cuidados com diferenças estatisticamente significativas, os enfermeiros pontuaram maiores frequências nos cuidados omitidos. Quanto as razões atribuídas às omissões, evidenciaram-se aquelas relacionadas aos recursos materiais, como falta de equipamentos e medicamentos. E, dentre as razões com diferenças estatisticamente significativas, os técnicos de enfermagem apresentaram maiores frequências nas razões apontadas para omissão durante a assistência. Conclui-se que os cuidados de enfermagem omitidos durante o atendimento ao paciente acometido pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 foram relacionados a cuidados cotidianos da enfermagem como a mobilização do paciente e, que as razões para isso estão associadas ao gerenciamento de materiais e tempo, os quais podem ser minimizados com medidas organizacionais para suscitar práticas assistenciais seguras e de qualidade a partir de medidas preventivas