Corporeidade materna: um conto da trajectória pessoal e reflexões sobre o corpo em arte
Corporeidade materna; nyaneka; identidade; globalização; teatro; Bimphadi.
Num mundo arrebatado pela globalização/universalismo, como discurso, negando assim as
particularidades/diversidade de lugares e pessoas, este trabalho fundamenta a necessidade de
se olhar para as singularidades. A maior parte dos estudos culturais, no quesito da identidade,
se concentra(ra)m na hibridação das culturas, olhando para a identidade como algo apenas
situacional. Este posicionamento também afecta o modo de olhar para as identidades étnicas,
entendidas como meras identificações. Assim sendo, a partir da contação da trajectória
pessoal e do forjamento do conceito de corporeidade materna, proponho uma identidade não
apenas política/situacional, mas como uma realidade incorporada que deve ser considerada
nos processos de ensino de artes cénicas na escola – lugar de onde parto −, sobretudo. A
reflexão é conduzida de modo indisciplinar, foram dirimidos os habituais muros, entre o
político, étnico e/ou cultural/artístico, geográfico, económico, histórico, etc. A reflexão, para
além do viés teórico, possui uma parte de prática teatral embasada nos trabalhos do Bimphadi
(Núcleo de Pesquisa em Artes da Cena, Angola) que integro como actor-pesquisador.