Entre a dor e o amor: A excitação do corpo sensível, as memórias e os afetos nos processos de criação cênica.
Corpo Sensível; Afeto; Memória; Gênero; Processo de Criação
O presente trabalho apresenta uma reflexão acerca da excitação do corpo sensível que foi desenvolvida dentro do Grupo Arkhétypos e estudada no decorrer do meu Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Teatro (2015) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O corpo sensível, que busco conceituar, é aquele em que a abertura para a troca com o outro se torna plena, despertando afetos e reacendendo memórias. Tal estudo se pauta no conceito proposto por Francisco Duarte Junior (2001) do sensível, que remete aos sentimentos e emoções adquiridos no decorrer de nossas histórias e encontros. A pesquisa aborda também o conceito de Memória defendido por Bergson e de afetos e sua interpessoalidade – afetar e ser afetado – trabalhado por Spinosa. O estudo sobre esta excitação deste corpo sensível é realizado a partir do meu trabalho de intérprete-criador dentro do processo de criação do espetáculo Gosto de Flor, um trabalho cênico que situa-se entre a Dança e o Teatro e que aborda a temática do amor dentro da perspectiva do universo masculino/homoafetivo. O espetáculo contou com a direção de Lara Machado e foi desenvolvido no ano de 2017 pelo Grupo Arkhétypos. Analisando o processo de criação pude constatar que este despertou memórias em meu corpo e produziu afecções que me fizeram resignficar a dor e reconhecê-la como potência para a criação cênica. No decorrer do trabalho eu me doo, me entrego e exponho minhas memórias a partir de uma discussão de gênero decorrente do processo criativo, e finalizado o trabalho concluindo que o corpo sensível também tem uma dimensão política.