Performance Compartilhada com Crianças: Um relato do professor-performer
Performance. Criança. Decolonialismo. Feminismo. Processo Criativo.
Este trabalho configura-se como um processo artístico cuja premissa é a do compartilhamento de performances com crianças como um agenciamento de produção de conhecimento em arte bem como sua articulação entre arte política e performance arte no contexto da infância. Proponho, como artista/pesquisadora, desenvolver experiências estéticas vivenciadas por crianças fora de instituições de ensino não formais, por meio da performance como experiência participante, nas quais a ação seja conjunta e dependa ativamente do participante para que aconteça. O ponto de partida para compreender a criança está conectado a conceitos oriundos da sociologia (SARMENTO, 2002) e da antropologia da criança (COHN, 2005), nos quais ela é vista como agente social independente do universo adulto, não somente ser biológico e psicológico, ou seja, a criança é compreendida, nesta pesquisa, como agente do meio cultural e social. O processo artístico baseia-se em discutir o compartilhamento da cena potencializado por meio do brincar (VERDEN-ZOLLER; MATURANA, 2015) quando estes entram em contato com a linguagem da performance arte. Este estudo analisa, por meio dos estudos da performance (SCHECHNER, 2003), o brincar como uma performance e o somam à figura do professor-performer (CIOTTI, 2014) como um agente disparador de propostas e a construção da cena performativa em constante construção do Work in Process (COHEN, 2004). Para discutir as questões entre arte política e o compartilhamento de ações, a pesquisa apresenta estudos sobre a Arte Participante e Virada Pedagógica na arte (BISHOP, 2012) e a Transpedagogia e Arte Social Engajada (HELGUERA, 2011); a relação com o participante por meio dos conceitos espectador emancipado (RANCIÈRE, 2012) e Partilha do sensível (RANCIÈRE, 2005) são apontados como importantes aspectos deste processo artístico. O Diário do professor-performer explana, por meio do método cartográfico de pesquisa (KASTRUP, 2015), e compartilha com o leitor as performances realizadas junto às crianças de São Paulo (SP), Cunha (SP), Recife (PE), Natal (RN) e Nova Olinda (CE). A experiência prática deflagrou o desobedecer como possibilidade de diálogo para a construção de um modo desviante de pensar processos artísticos e pedagógicos parte do pensamento decolonial (QUIJANO, 2009) e das teorias do feminismo comunitário (PAREDES, 2014) para refletirmos sobre o desobedecer.