EFEITO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO NA
SÍNDROME GENITURINÁRIA DA MENOPAUSA
Síndrome Genitourinária da Menopausa, Assoalho Pélvico, Terapia
com Luz de Baixa Intensidade, Ensaio Clínico Controlado, Revisão
Sistemática.
Introdução: O envelhecimento é um processo universal e inevitável
que está despertando interesse em diversas áreas em todo mundo. Na
mulher, além das alterações fisiológicas decorrentes da idade, ocorrem
outras em função da falência ovariana que culmina com a menopausa.
No período da menopausa ocorre decréscimo dos níveis de esteroides
sexuais femininos e como consequência observa-se um espectro de
sintomas e sinais geniturinários denominados Síndrome Geniturinária
da Menopausa (SGM). A SGM cursa com inúmeras modificações
urogenitais, o que implica em alterações nas funções sexuais e
urinárias. Objetivo: Artigo 1 - Conduzir uma revisão sistemática com
meta-análise de ensaios clínicos para avaliar o impacto da terapia de
fotobiomodulação (TFBM) no desempenho funcional, abrangendo
aspectos como fadiga, força e capacidade funcional em indivíduos
saudáveis. Artigo 2 - Avaliar os efeitos da TFBM, tanto isoladamente
quanto em combinação com o treinamento da musculatura do assoalho
pélvico (TMAP), na função dos músculos do assoalho pélvico (MAP),
bem como na função sexual, função urinária e qualidade de vida (QV)
em mulheres afetadas pela SMG. Metodologia: Artigo 1 - Foi
realizada uma revisão sistemática com meta-análise no período de
junho a outubro de 2022 em bases de dados eletrônicas, incluindo Web
of Science, Lilacs, Scielo, PubMed, Cochrane, Pedro, Embase, Science
Direct, Scopus, Clinical Trials, Google Scholar, Open Gray e Trials
Central, além de busca ativa em referências de estudos relevantes. Os
seguintes descritores foram usados em combinação:
"Photobiomodulation Therapies" OR "Therapies Photobiomodulation"
OR "Therapy Photobiomodulation" OR "Low-Level Light Therapy"
OR "Diode Laser" AND "Muscle Strength" OR "Pain" OR
"functionality" AND "Functional Capacity". Não houve restrições de
tempo e idioma na busca. Ensaios clínicos randomizados que utilizaram
TFBM, Laser ou LED como única intervenção e avaliaram
desempenho funcional foram incluídos, enquanto estudos que compararam outras modalidades terapêuticas ou envolveram
participantes com doenças crônicas ou lesões agudas foram excluídos.
A seleção dos estudos foi conduzida por três revisores independentes
via Rayyan, e a extração dos dados foi realizada por meio de um
formulário padronizado. O risco de viés foi avaliado pelo Risk of Bias
2 (RoB 2), e a confiança na evidência foi avaliada usando o Grading of
Recommendations Assessment, Development and Evaluation
(GRADE). A meta-análise foi conduzida no software RevMan. Artigo
2 - Estudo do tipo ensaio clínico, randomizado e cego. Participaram do
estudo mulheres com idade entre 45 até 65 anos, com diagnóstico de
disfunção sexual e urinária, divididas de forma randomizada em três
grupos: grupo TMAP isolado (GTMAP isolado, n=18), grupo TMAP
associado a XI fotobiomodulação (FBM) ativa (GTMAP + FBM ativa,
n=18) e grupo TMAP associado a FBM sham (GTMAP + FBM sham,
n=18). As voluntárias foram avaliadas antes da intervenção e após oito
semanas. Foi aplicado o Female Sexual Function Index (FSFI) para
avaliação da função sexual, o International Consultation on
Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) para perda
urinária, o Patient Global Impression of Improvement (PGI-I) para o
nível de satisfação após a intervenção e também foi realizada a
manometria vaginal para avaliação da funcionalidade dos músculos do
assoalho pélvico (MAP). Os dados da amostra foram analisados através
do software estatístico Jamovi (versão 2.3.28). Resultados: Artigo 1 -
Foram incluídos 16 estudos, totalizando 340 participantes (183 homens
e 157 mulheres). A maioria dos estudos apresentou baixo risco de viés
e observou-se heterogeneidade nos dispositivos e parâmetros de
aplicação. Foi observado que a TFBM melhorou a recuperação da
fadiga (diferença média: 5,87; IC de 95% 3,83, 7,91). Não houve
melhora na força: pico de torque (diferença média: 12,40; IC 95% -
5,55, 30,55); teste de uma repetição máxima (diferença média: 39,97,
IC 95% -2,44, 82,38); força isométrica e isocinética (diferença média:
2,77, IC 95% -14,90, 20,44) e também não houve melhora na
capacidade funcional de curto prazo (diferença média: 0,67, IC 95% - 0,58, 1,91) e longo prazo (diferença média: 18,44, IC 95% - 55,65,
92,54). Artigo 2 - Diferenças significativas foram observadas entre os
grupos ao longo do tempo para o ICIQ-SF (p=0,02), o FSFI (p=0,002)
e as suas subescalas: excitação (p=0,01), lubrificação (p<0,001),
orgasmo (p=0,04) e satisfação (p=0,007). Os resultados finais da
manometria mostraram diferenças significativas entre os grupos:
GPFMT + PBM ativa e GPFMT + PBM sham (diferença média 3,71;
IC: 0,02, 7,40; d: 0,28) e GPFMT + PBM sham versus GIPFMT
(diferença média: -1,05; IC: -2,06, -0,04; d: 0,07). Conclusão: Artigo 1
TFBM é um recurso que pode ajudar favorecer a recuperação da fadiga
em indivíduos saudáveis, no entanto, não há evidências que sustente
que o uso da FBM pode potencializar força e melhorar capacidade
funcional em curto e longo prazo. Artigo 2 - O tratamento com FBM
ativa combinado com o TMAP teve uma tendência superior em direção
à melhora da função sexual, função urinária e QV em mulheres com
SGM. Embora a FBM tenha um potencial terapêutico relevante, sua
integração na prática convencional permanece cautelosa devido à
necessidade de mais pesquisas para estabelecer diretrizes padronizadas
para estabelecer eficácia a longo prazo.