USO DO HABITAT PELO BOTO CINZA, SOTALIA GUIANENSIS, EM PARTE DO RIO GRANDE DO NORTE E PARAÍBA
cetáceos, ecologia comportamental, conservação, marcação e recaptura, fotoidentificação, mamíferos marinhos, catálago de golfinho, fidelidade de área, marcação e recaptura, fotoidentificação, mamíferos marinhos.
Atualmente os cetáceos enfrentam um número crescente de ameaças devido aos efeitos da ação antrópica, especialmente nas zonas costeiras. Milhares de indivíduos morrem todos os anos devido às capturas acidentais e/ou intencionais. Soma-se a isso outras problemáticas como a degradação de habitats, a poluição dos ambientes aquáticos e o aumento do tráfego de embarcações. Estas influências ecológicas podem mudar o comportamento de indivíduos resultando em alterações no uso do habitat e distribuição das espécies. A coleta de informações demográficas de base é importante para a identificação destas mudanças e para o manejo e conservação de espécies marinhas como o golfinho Sotalia guianensis, que é o delfinídeo mais comum do Brasil, ainda pouco conhecido na região nordeste do país. Uma das formas de coletar esses dados, é gerando catálogos que permitem identificar indivíduos e sua distribuição, ao longo do tempo e espaço, permitindo estudos de
longo prazo que utilizam marcas naturais na nadadeira dorsal para identificar indivíduos desta espécie, conhecida como boto-cinza. A urgência em compreender a ecologia comportamental desse cetáceo advém do fato da espécie ser costeira, de baixa taxa reprodutiva e vulnerável à extinção. Além disso, sua conservação é importante para o ecossistema pois o boto-cinza, como predador de topo, regula a cadeia trófica da região. Dados como o do presente estudo, que intenciona reunir o máximo de dados acerca da distribuição espacial de Sotalia, alimentando o banco de dados Flukebook, permite a análise desses dados ao longo de grandes extensões que contém praias e baías protegidas, que no nosso caso são a Lagoa de Guaraíras, Pipa, Baía Formosa, Barra de Mamanguape, e o Sistema Estuarino do Rio Paraíba (SERP). Bancos de dados como o apresentado aqui possibilitam cálculos para delimitar tendências dos índices de abundância e distribuição ao longo do tempo, nos dando pistas da saúde e comportamento ao nível de indivíduo e população, além de facilitar a descoberta de possíveis sítios de interesse para pesca (a distribuição dos cetáceos é extremamente relacionada com a distribuição da sua presa), reprodução e berçários (com grande quantidade de fêmeas
acompanhadas de filhotes) que seriam prioridades de proteção para ações de conservação da espécie. A avaliação de parâmetros biológicos é considerada uma prioridade para a espécie, tanto na perspectiva local, quanto global. O nível de fidelidade na área de uso, e o grau de residência (que também advém desses dados) são parâmetros adicionais que auxiliam na determinação de áreas prioritárias para conservação e manejo da espécie, e são componentes importantes no planejamento ambiental costeiro.