Investigação do Papel de mTOR na Reconsolidação da Memória de Extinção na Esquiva Inibitória
Reconsolidação; BDNF; CA1; mTORC1; rapamicina.
A reativação de uma memória é um processo que pode induzir dois fenômenos aparentemente concorrentes, a extinção e a reconsolidação. A extinção envolve a redução da resposta previamente adquirida a um estímulo aversivo. Esta redução da resposta parece ser resultado da formação de um novo traço mnemônico, que codificaria a ausência do estímulo aversivo. Já a reconsolidação parece envolver a modificação de um traço mnemônico previamente estabelecido, seja para o fortalecimento ou para a atualização deste traço. Vários estudos discutem a oposição entre extinção e reconsolidação, colocando a primeira como condição limitante da segunda. Porém pouca atenção foi dada a uma possível interação entre os dois processos. Trabalhos prévios do nosso grupo demonstraram que a memória de extinção é passível de reconsolidação e que este processo é dependente de BDNF, aparentemente através de sua interação com o receptor TrKB. Este receptor ativa três cascatas intracelulares (Shc, PLC e PI3K). Considerando o papel proeminente da via PI3K/Akt/mTOR em processos de plasticidade, o objetivo deste trabalho é investigar o possível papel de mTOR na região CA1 do hipocampo dorsal durante a reconsolidação da memória de extinção. Para tanto, ratos Wistar serão submetidos a quatro experimentos. O primeiro tem como objetivo determinar se a inibição de mTORC1 pela rapamicina em CA1 provoca déficits na reconsolidação. O segundo, se a reconsolidação é acompanhada de aumento na expressão e/ou ativação de mTOR, seus principais substratos e GluA1. O terceiro visa determinar o envolvimento de mTOR no aumento da expressão e/ou fosforilação de GluA1, através da combinação de manipulações farmacológicas e immunoblots. Por fim, o quarto experimento tem como objetivo a comprovação de que o BDNF está atuando upstream ao mTOR. Como resultado preliminar, observamos que a administração de rapamicina logo após a reativação provocou o retorno da resposta aversiva. Isso sugere que a inibição de mTORC1 provoca déficits na reconsolidação da memória de extinção.