Avaliacao de uma intervencao implementada pelos pais no ensino de mandos por comunicacao alternativa e ampliada para uma crianca com autismo
Treinamento de Pais. Mandos. Comunicação alternativa e ampliada. Autismo.
Os déficits sociocomunicativos mais destacados em indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) abrangem dificuldades em diversos domínios linguísticos. Em termos de prosódia, há frequentemente uma entonação atípica. Além disso, é comum a ocorrência de ecolalias e inversões pronominais. No domínio pragmático, esses indivíduos enfrentam desafios significativos na compreensão da perspectiva alheia e na interpretação de pistas sociais e emocionais, o que afeta sua capacidade de interagir de forma eficaz em contextos sociais. Esses déficits afetam diretamente o uso da linguagem, impactando as interações interpessoais, como iniciar um diálogo, fazer inferências, opinar sobre o comportamento alheio e compreender metáforas e ironias. Entre as funções comunicativas essenciais no processo de socialização, destaca-se o mando, que está relacionado à capacidade de fazer pedidos e é controlado por variáveis motivacionais, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da comunicação funcional no contexto natural. A Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) é reconhecida como uma prática empiricamente validada para mitigar os déficits sociocomunicativos observados em pessoas com TEA. A inclusão de pais como agentes interventivos em programas de CAA pode ter um impacto significativo no desenvolvimento de seus filhos, ampliando as oportunidades de comunicação em momentos íntimos e espontâneos do dia a dia. O objetivo desta pesquisa foi avaliar, por meio de um delineamento quaseexperimental intra-sujeito (A-B-C), os efeitos de um programa de treinamento implementado pelos pais no uso da CAA por uma menina de 10 anos com diagnóstico de TEA. O estudo, realizado na residência da família, teve como foco o desenvolvimento das habilidades de mando na criança. Por meio de autoscopia e estratégias de modelação, os pais da criança foram capacitados a utilizar diferentes sistemas de CAA em atividades cotidianas da filha. Os resultados revelaram aumento na frequência no uso da CAA e diminuição de comportamentos não adaptativos após a intervenção. Registros realizados 5 meses após o término da intervenção evidenciaram a manutenção no uso da CAA pela família e satisfação com os efeitos do programa.