A LEITURA E A ESCRITA DE HISTÓRIAS POR CRIANÇAS: LIÇÕES CONSTRUÍDAS NOS BOSQUES DA METAFICÇÃO
Produção escrita na escola. Leitura de literatura. Mediação pedagógica. Metaficção. Lygia Bojunga.
A escola é reconhecida pela sociedade como o lugar onde se aprende a ler e a escrever. Apesar dos pressupostos teóricos e metodológicos construídos em torno de como favorecer a conquista de tais aprendizagens, escrever histórias ainda parece uma ação para a qual algumas crianças, apesar de alfabetizadas, não se sentem capazes. Esta pesquisa se justifica pela necessidade de estudos acerca do potencial educativo da leitura de metaficção para a formação de leitores e escritores em situação escolar. Tem por objetivo geral compreender os efeitos da leitura de metaficção para o entendimento do processo de criar narrativas ficcionais e para a mediação da escrita de histórias na escola. Teoricamente, toma por referência os estudos da leitura de literatura (Amarilha, 1997; Jauss, 1979; Zilberman, 2003), da ficção e metaficção (Hutcheon, 1980; Eco, 1994; Carrero, 2005), da mediação pedagógica (Vigotski, 2007) e da produção textual (Calkins, 1989; Geraldi, 1997). Configura-se como pesquisa qualitativa e se ancora nos princípios da análise de conteúdo (Bardin, 2016) para explorar dados constituídos em uma intervenção pedagógica realizada em 2017 com dezoito crianças do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Natal/RN (Brasil). Durante quinze sessões mediadas pela professora-pesquisadora, as crianças leram a obra Fazendo Ana Paz (Bojunga, 2007a), criaram e aprimoraram narrativas ficcionais em encontros pautados pela interação entre os pares. Esta pesquisa é guiada pelo seguinte desenho metodológico: a) estudos teóricos; b) estudo da obra metaficcional da escritora Lygia Bojunga; c) análise do corpus de dados produzidos na intervenção pedagógica, constituído por acervo de narrativas ficcionais de autoria das crianças e transcrição dos vídeos das gravações dos encontros e; d) escritura da tese. Os resultados evidenciaram que a imersão na leitura das obras metaficcionais colaborou para um processo de coaprendizagem no qual crianças e professora-pesquisadora construíram novas percepções em torno das relações entre autor, leitor e texto. As obras literárias metaficcionais colaboram para a compreensão do processo de escrever ficção e sua mediação na escola, por se constituírem em espaços de diálogos entre a vida e a arte de fazer arte.