O CORPO NEGRO NA ESCOLA: TRILHAS DE UMA EDUCAÇÃO DO SENTIR PARA PENSAR AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Corpo Negro. Estesiologia. Intercorporeidade. Educação Étnico-Racial.
Esta tese defende que a visibilidade do corpo negro na escola pode-se dar a partir de uma educação que desvele o sentir no campo das relações étnico-raciais, considerando a estesiologia e a intercorporeidade como referências para as experiências pedagógicas na escola. Essas referências fenomenológicas se configuram pela possibilidade de considerar um corpo poroso, corpo que ultrapassa a cisão biológica e cultural, que é atravessado pelas sensações, pela motricidade, pela experiência vivida, pelos afetos. O trabalho tem como objetivo descrever e refletir a respeito de experiências pedagógicas no contexto educativo considerando as relações étnico-raciais sob um olhar estesiológico, bem como refletir sobre os sentidos do corpo negro a partir de experiências compartilhadas com estudantes e discutir as relações étnico-raciais no contexto escolar tendo como foco as noções de estesiologia e intercorporeidade. A investigação ancora-se na atitude fenomenológica de Merleau-Ponty como referencial teórico-metodológico, pauta-se na experiência vivida que situa o corpo, o outro e o sensível no processo do conhecimento. Ressignificar o corpo negro na educação pela experiência estética do sentir com o outro, tendo como foco a fenomenologia, implica em reaprender a ver o corpo negro, pois é esse corpo que sente, percebe e compreende a presença do outro. Associado a Merleau-Ponty, a fórmula de pathos proposta por Aby Warburg, é tomada também como referência metodológica para a criação de pranchas com imagens que pretendem incitar a montagem dos tempos e dos sentidos, como a memória e a empatia. Para a construção textual recorre-se à metáfora de uma trilha para desvelar as experiências educativas com estudantes do ensino médio do IFRN, campus Ceará-Mirim, em três situações: atividades do Grupo Cachos (formado por estudantes negras), encontros com Comunidades Quilombolas e apreciações fílmicas. Tendo a redução fenomenológica como empreendimento da pesquisa, são desvelados os sentidos das visibilidades do corpo negro, da ancestralidade e da escuta do outro. Trata-se de pensar uma educação enovelada com a sensibilidade, que permita pensar e sentir o corpo negro no mundo de toda gente, que produza uma troca de saberes inscritos na experiência a partir da intercorporeidade e da estesiologia. Tais saberes se estabelecem na relação com o outro e reverberam em acolhimento, cumplicidade e respeito a serem cultivados no contexto das relações étnico-raciais na escola.