O DESENVOLVIMENTO DA DOCÊNCIA NAS ENGENHARIAS: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)
Ensino Superior. Prática Pedagógica. Docente-engenheiro.
Esta pesquisa tem por objeto de estudo conhecer a percepção da prática de ensino dos docentes-engenheiros dos cursos de Engenharia Civil, Elétrica e de Materiais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Apresenta e analisa temas importantes do trabalho docente sobre o ensino que desenvolvem. Paralelamente, identifica as necessidades para uma boa prática na universidade. Do ponto de vista dos aportes teórico-metodológicos, orientam o estudo conceitos como de bricolagem (KINCHELOE; BERRY, 2007) e de multirreferencialidade (ARDOINO, 1998). Como estratégia de investigação, adota-se o Estudo de Caso (YIN, 2004; AFONSO, 2005). O levantamento dos dados foi realizado através de questionário padronizado fundamentado nos paradigmas formativos dos docentes (ZEICHNER, 1983; SACRISTAN, 1998; ALTET, 2001; BRÜTTEN, 2008). O referencial teórico dos eixos temáticos está orientado pelas reflexões sobre docência universitária (MASETTO, 2003; 2007; ZABALZA, 2004; CUNHA et al, 2005; GRILLO, 2008; PIMENTA; ANASTASIOU, 2010); sobre o ensino de Engenharia (BAZZO, 2001; MASETTO, 2009) e sobre as relações entre políticas educacionais e ensino superior no contexto atual (MENEZES, 2001; SANTOS,1995;2005; BOSI, 2007;). A análise dos dados, apoiada na abordagem quantitativa e qualitativa (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006) nos permite entender como professores pesquisados vivenciam sua atividade de ensino. As conclusões nos permitem generalizar num momento preliminar que valorizam a pesquisa como componente da formação docente e consideram a pedagogia universitária importante para aperfeiçoar a prática. Grande parte tem interesse em participar de grupos de reflexão institucionais, visando à melhoria da docência universitária. Dedicam-se à prática docente universitária sem partilhar com outros docentes, consolidando uma tendência já registrada na literatura internacional e nacional. Tendem a experimentar uma pedagogia da prática construída no cotidiano, pois acreditam que a docência se aprende com a prática, embora reconheçam não é suficiente para o desenvolvimento profissional. Na visão da maior parte dos sujeitos respondentes, para o exercício da boa docência são necessários elementos inerentes à atitude de boa vontade, aliados ao componente político, ao domínio do conteúdo e ao conhecimento dos objetivos das disciplinas enquanto orientadores da formação discente. No exercício da docência utilizam estratégias pedagógicas variadas, como a contextualização e a exemplificação dos conteúdos ministrados, a fundamentação epistemológica do campo científico e o trabalho em grupo. Não apresentam consenso quanto ao vínculo estabelecido entre eles e os alunos, embora considerem importante a participação destes. Em termos gerais, manifestam uma ausência da preparação para a docência universitária e pouco investimento e interesse, em termos institucionais, em dar apoio ao desenvolvimento da qualidade do ensino.