A ESCUTA É UMA PEDAGOGIA DOS AFETOS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A SEXUALIDADE NA OFICINA LUGARES DOS AFETOS
Escuta, Afetos, Discursos, Sexualidade, Educação.
O que os discursos de estudantes homossexuais sobre a sexualidade dão a ver no encontro entre as materialidades discursivas (o filme, os desenhos, as entrevistas) da Oficina Lugares dos Afetos? Nesta tese, buscamos analisar os discursos dos discentes homossexuais do Ensino Médio Integrado do IFRN/Campus Natal-Central sobre a sexualidade, a partir da Oficina Lugares dos Afetos. Como objetivos específicos, almejamos: (i) problematizar, por meio do filme Marvin (2017), os discursos sobre a sexualidade a partir de uma política dos afetos; (ii) compreender, por meio da Oficina Lugares dos Afetos, como a produção imagética do desenho possibilitou um discurso dos estudantes sobre a sexualidade; (iii) descrever, a partir dos discursos de si, as condições de possibilidade de uma escuta como pedagogia dos afetos no contexto educativo. O corpus analítico, composto pelo filme, pelos desenhos e por entrevistas, foi investigado à luz do referencial teórico dos estudos de gênero e sexualidade e analisado, enquanto arquivo, com base na Análise do Discurso de perspectiva foucaultiana. Assim, a abordagem metodológica da pesquisa foi qualitativa, de natureza exploratória. Para tanto, foi constituído um grupo de discentes homossexuais do IFRN/ Campus Natal-Central para participar da Oficina Lugares dos Afetos. Por ocasião da oficina, recorremos à apreciação fílmica de Marvin (2017) e à elaboração de desenhos pelos participantes, sucedida de uma entrevista, como estratégia para problematizar as condições de possibilidade para a emergência de discursos sobre a sexualidade. Os resultados alcançados com a análise efetuada foram as seguintes: a Oficina Lugares dos Afetos mostrou-se recurso políticopedagógico potente, pois a partir das suas materialidades discursivas ela fez emergir os discursos da sexualidade em um processo dialógico mediador da escuta como pedagogia dos afetos entre alunos e instituição; o filme visibilizou saberes e poderes que entrelaçam os processos de subjetivação da sexualidade na escola enquanto um espaço político para os afetos; os desenhos constituem-se em uma pedagogia, pois educam a escutar e acessar o arquivo dos afetos nos discursos dos sujeitos; os participantes se sentem à vontade para falar sobre a própria sexualidade na escola, pois a compreendem como um ambiente seguro; os grupos de amigos configuram-se como espaço de escuta e de subjetivação da sexualidade no ambiente escolar.