INTELECTUAIS, SOCIABILIDADES E MODELOS DE EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE (1889 - 1930)
Intelectuais; Educação; Rio Grande do Norte; Sociabilidade.
A pesquisa aqui apresentada se insere no campo da História da Educação, articulando elementos de História Cultural e Política. Temos como objetivo identificar os principais intelectuais atuantes no campo educacional do Rio Grande do Norte durante a Primeira República (1889-1930), bem como suas redes de sociabilidade em cargos públicos e instituições científicas do período. Visamos também compreender os modelos de educação pensados por eles e encampados por essas instituições, a saber nomeadamente, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), a Liga de Ensino do Rio Grande do Norte (LERN) e a Associação de Professores do Rio Grande do Norte (APRN). Defendemos a tese de que a rede de sociabilidade tecida entre os intelectuais foi fundamental para a fundação de instituições científicas e a consolidação de um discurso e uma prática moderna de educação. Investigamos publicações e revistas dessas associações, documentos oficiais, atas, relatórios, mensagens de governo, compêndios e conferências, através da análise do discurso em uma perspectiva foucaultiana, que compreende o discurso como instrumento de poder. Analisando biografias por meio do método prosopográfico, construímos uma biografia coletiva do grupo e de sua atuação, apresentando trajetórias que se cruzam a partir da sociabilidade. Compreendemos as estruturas de sociabilidade de acordo com as discussões de Jean-François Sirinelli. Também utilizamos o seu conceito de intelectuais criadores e mediadores culturais, em perspectiva de diálogo com a ideia de representação de Roger Chartier, analisando representações espaciais e discursivas dos modelos de educação defendidos por estes sujeitos. Observamos, assim, que as sociabilidades são tecidas a partir da pertença a grupos sociais, políticos e também às instituições e suas publicações no Rio Grande do Norte da Primeira República. Nota-se, portanto, que os discursos do grupo legitimam sujeitos, orientam práticas e direcionam ações sociais e políticas para a consolidação de um modelo republicano de educação, pautado pelo civismo, o higienismo e a modernidade pedagógica.