LEITURA E LETRAMENTOS EM VISUALIDADE COMO EXPERIÊNCIA ESTESIOLÓGICA
Leitura estesiológica. Letramentos em visualidade. Corpo. Formação de professores. Artes.
Esta tese defende que, no movimento do olhar, as coisas passam por dentro de nós, assim como nós passamos por dentro das coisas, e a experiência do ver nos dá o ler enredado nesse movimento, configurando-se na modalidade do visível como Letramentos em Visualidade. Esse acontecimento é movido entre o aparecer e o desaparecer das imagens atadas ao tecido do mundo indissociado do corpo estesiológico. Imbricamento e entrelaçamento da experiência de leitura à experiência do ver imersa no jogo quiasmático do visível e do invisível. Tais argumentos nos conduzem a afirmar que a experiência de ler a visualidade é estesiológica. Para compreender esse entrelace, busca-se apreender os sentidos da leitura da visualidade como experiência estesiológica, considerando que no mapa do visível emergem experiências de Letramentos; discute-se a formação do olhar leitor, entrelaçando-a à experiência de ler a visualidade imbricada à estesia do corpo e às vivências sociais e culturais do olhar; perceber em filmes e na experiência de ver de docentes de Artes os sentidos da leitura estesiológica, evidenciando-se o estilo de Ser docente mediador de Letramentos. O texto move-se pela metáfora de uma viagem de trem imbricada à atitude fenomenológica, envereda-se pelas noções de reversibilidade da carne e estesiologia advindas do pensamento filosófico de Maurice Merleau-Ponty, pela concepção de Multiletramentos do The New London Group e pelos estudos da Cultura Visual, segundo Fernando Hérnandez, dentre outros interlocutores. Inserida no campo da abordagem fenomenológica em diálogo com a filosofia do corpo, parte-se da descrição das experiências de ver, cujos materiais de interpretação são: registros verbais, escritos e imagéticos, oriundos do trabalho desenvolvido na Formação Docente Continuada de professores da área de Artes das escolas municipais de Natal/RN, referentes ao período de 2008 a 2016; os filmes “Como estrelas na terra toda criança é especial” (2007) e “O Sorriso de Monalisa” (2003) e cartas de professoras e professores, nas quais pode-se ter acesso à descrição de experiências de apreciação do primeiro filme mencionado. Apreende-se que as aulas de campo em diferentes espaços culturais e o filme são potências visuais mediadoras de experiências de Letramentos, os quais contribuem na formação do olhar leitor; tanto a experiência estética quanto a experiência estesiológica são dimensões imprescindíveis não somente na educação escolarizada, mas também na formação docente, seja essa inicial, seja continuada; a intercorporeidade, a expressividade, a liberdade, a espacialidade e a temporalidade são dimensões que fazem no jogo quiasmático do ver o desvelamento da leitura estesiológica e encarnada.