Por uma Educação dos sentidos: um diálogo entre Merleau-Ponty e Ueshiba
Corpo. Educação. Natureza.
A pesquisa celebra o ato de ler como atitude que transforma nossa existência no mundo. O foco da reflexão foi pensar sobre o corpo e a natureza na filosofia do francês Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) e na filosofia de Morihei Ueshiba (1883-1969), mestre que formulou uma arte marcial japonesa denominada de Aikido. No envolvimento com esses filósofos a partir do livro, esse objeto emblemático capaz de produzir significações em nós, direcionamos nosso olhar a três textos de Merleau-Ponty, a saber: Parte I – O corpo de sua tese Fenomenologia da Percepção, o livro A Natureza e o ensaio estético O olho e o Espírito. E, interpretamos dois livros sobre o Aikido, são eles: Budo: ensinamentos do fundador do Aikidô, escrito pelo próprio Morihei Ueshiba e Aikido e a harmonia da natureza, elaborado por Mitsugi Saotome, discípulo que viveu ao lado do mestre Morihei por um longo tempo. Além desses livros que compõem o cerne da discussão, dialogamos com outros pensadores para situar o contexto e as questões filosóficas que permeiam os livros. A atitude de leitura se inspira na fenomenologia de Merleau-Ponty, principalmente pela relação de noções como mundo-vivido, redução fenomenológica, interpretação e compreensão. Como variação imaginativa para apresentação dos resultados, imaginamos a dissertação como um diálogo, onde ouvimos a voz de Merleau-Ponty sobre corpo e natureza, pontuando o corpo próprio e a teoria da carne, e lemos as palavras de Ueshiba sobre corpo e natureza ao manter viva a tradição do samurai e sua contemplação da espada e da natureza como atitude no mundo. Esse diálogo de filosofias é visto como embates de teorias do conhecimento sobre corpo e natureza, compondo uma pesquisa de cunho epistemológico, movimentando a área da educação e da educação física para pensar uma educação dos sentidos, em que a técnica, a motricidade, a expressão são compreendidas como estudo do corpo na relação carnal com o mundo, com o outro, com os objetos. Uma educação dos sentidos celebra o visível e o invisível, o singular e a abertura ao outro, o diálogo e o silêncio...