AQUARELA BRASILEIRA
Canções no ensino de Sociologia: reflexões e aplicação
Imaginação criadora; religação dos saberes, canções brasileiras, e ensino de sociologia.
Com a obrigatoriedade da Sociologia como componente curricular do Ensino Médio no Brasil, vivemos em um momento oportuno para proposições e transformações na disciplina e no ensino em geral. Estamos em um tempo muito relevante da história da nossa disciplina, bem como, dos limites da
ciência moderna. Além dessa demanda, nos encontramos inseridos em uma ocasião de mudança paradigmática ainda maior, em escalas planetárias, onde a racionalidade fragmentadora cede cada vez mais espaço para uma produção do conhecimento (complexus) que religue o que foi disjunto como consequência da racionalidade científica cartesiana (Morin). Neste bojo de transformações, percebemos (inspirados em Bachelard) a grandiosidade do papel que a imaginação criadora tem na formação do sujeito, e observamos, também, que a educação brasileira vem marginalizando a imaginação em detrimento de um cientificismo unifocal que esteriliza a criatividade, a ludicidade e a poesia nos nossos processos educacionais. Por isso, em reposta a todas as problemáticas levantadas, propomos uma via para pensarmos redefinições dos horizontes educacionais de nossa disciplina e da educação em escala planetária. Uma prática educativa que religue o prosaico ao poético usando imagens/canções como caminho/estratégia do ensino/aprendizagem. Objetivamos, nesta dissertação, fazer uso e estimular à criação de imagens poéticas suscitadas por canções brasileiras, e aprofundar a perspectiva do uso das imagens sob este viés no ensino, especialmente da disciplina Sociologia no nível médio. Repensando e buscando formas mais eficazes e/ou mais lúdicas de abordagem e construção de métodos educativos a partir de imagens, almejamos refletir, a partir de Bachelard, sobre as noções de imagem poética e imaginação criadora além de seus usos para o ensino de sociologia, tentando promover a possibilidade de uma prática pedagógica mais dialógica, preocupada com uma formação que dê ênfase à união entre criatividade, criticidade e reflexividade dos educandos. Discutiremos em uma perspectiva bachelardiana de que forma o estimulo à imaginação criadora por meio do uso de canções na sala de aula poderia servir como um alicerce para a necessidade moraniana de diálogo entre razão – imaginação, ciência – poesia, sapiens – demens, em síntese, para a necessidade de rejuntar a cisão estabelecida entre cultura científica e cultura humanista. Contudo, objetivamos que nosso estudo ultrapasse a simplificação das imagens como recurso na docência de Sociologia no Ensino Médio. Acreditamos que a partir das imagens/canções, poderemos contribuir para o desenvolvimento de caminhos (estratégias) de produção de conhecimento no qual, ao mesmo, tempo se problematize e supere o conhecimento comum (a partir do olhar problematizador/sociológico), mas abra, também, caminhos para a poetização do pensamento (imbuído de dois polos: razão e imaginação). Reconhecendo que a imaginação é parte imprescindível na nossa formação integral.