A VIRADA AFETIVA EM DURKHEIM: a ontologia das relações n’As Formas Elementares da Vida Religiosa
Teoria Social; Virada Afetiva; Praxiologia; Circuito de afetos; Émile Durkheim.
As múltiplas viradas ocorridas dentro das ciências sociais, para citar as mais famosas como a virada ontológica, pragmática, pós-humana, linguística, tem em comum a busca por produzir novas compreensões dos fundamentos da realidade; mas elas representam antes de tudo mudanças e tensões dentro das ciências sociais. Os dilemas de nosso século XXI suscitam novos debates e novas revisões teóricas e metodológicas para melhor apreensão dos fenômenos sociais, e foi em meio a essas movimentações do campo que a teoria da religião de Émile Durkheim passou a ser revisitada, em especial As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912), até então lida como um estudo de sociologia do conhecimento ou de teoria da religião, uma nova geração de intérpretes têm apontado para a existência de uma praxiologia em sua última obra tardia e mesmo uma “sociologia dos afetos”. Essa sociologia dos afetos se encontra dentro da virada afetiva, a qual parte do pressuposto de que a sociedade como um todo é movida por afetos, energias difusas nas estruturas sociais capazes de produzir agência. Assim, desviando das leituras tradicionais da obra de Durkheim, o presente trabalho visa contribuir para acrescentar conhecimento aos novos intérpretes que sugerem a presença de uma teoria dos afetos na sociologia durkheimiana a partir de um trabalho de elucidação de sua teoria das práticas religiosas, evidenciando as principais categorias possíveis para pensar uma tradução sociológica dos afetos a partir da noção de circuito dos afetos.