MICROTERRITÓRIOS DA RESISTÊNCIA: OS DESLOCAMENTOS PLURAIS E AS FORMAS DE SOBRE(VIVÊNCIA) NO ESPAÇO URBANO DA CIDADE DO NATAL/RN
Nomadismo; Espaço Público; Lazer; Resistências.
Vivemos um estado de guerra global. A nova fase da ordem política e econômica representada pelo capitalismo transnacional financeirizado instaurou uma realidade sitiada avançando sobre novos campos de controle subjetivos da população. a Soberania opera sob a lógica da Necropolítica (MBEMBE, 2019) produzindo uma série de sintomas sociais nos indivíduos e nas formas de sociabilidades que desenvolvem, junto a isso, a Política do Desaparecimento (BARBOSA, 2022) exclui os rastros de vida da população subalternizada pelo capital. As grandes cidades mundiais como resposta às sucessivas crises econômicas aderiram ao chamado empreendedorismo urbano, estratégia econômica que confere às cidades o caráter de atores sociais, inseridas em uma rota internacional de serviços padronizados, vendidas em formato de produto. O empreendedorismo urbano em todo lugar em que se estabeleceu na medida em que atrai capital estrangeiro, acelera o processo de segregação social e gentrificação, a partir da desapropriação forçada de territórios e afastando, cada vez mais, os moradores para as margens dos grandes centros urbanos. Ao avaliar os impactos dessas medidas nos usos do espaço urbano é possível evidenciar uma disputa cada vez mais acentuada entre os interesses do capital financeiro internacional e a resistência de indivíduos que, em grupos, ressignificam suas práticas e usos desses espaços nas cidades a partir de microterritórios (GOMES, 2001), verdadeiros rizomas de novas experiências possíveis, lugares alternativos no sentido de conferirem um certo tipo de socialidade (MAFFESOLI, 2014) inerente aos interesses do uso oficial desses espaços. Este trabalho teve como objetivo evidenciar essas socialidades e suas práticas políticas desenvolvidas em três microterritórios na cidade do Natal/RN, que formam espaços alternativos utilizados como pontos de encontros de grupos nômades dissidentes. A metodologia utilizada foi a cartografia social na perspectiva de Deleuze e Guatarri (1997), Sueli Rolnik (1989) e o Ser Afetado de Jeanne Favret-Saada (1977/2005) e, nesse sentido, submergimos nos espaços, estabelecendo uma relação horizontal com os microterritórios e seus frequentadores. Como resultados, oferecemos aqui a ideia dos Deslocamentos Plurais, formas de ocupações negociadas com o espaço público e semipúblico que resultam em associações entre grupos dissidentes, produzindo novas subjetividades e reafirmando o espaço público como lugar de aprendizagem, cultura, arte, lazer e resistência.