NATAL, PALCO DE TENSÕES, BASTIDORES DE CONFLITOS: Uma sociologia política do Plano Diretor de Natal/RN
Estado e Sociedade; Sociologia Política; Cidade; Plano Diretor de Natal.
Como em outras cidades brasileiras, Natal no Rio Grande do Norte, recentemente passou pela revisão do seu Plano Diretor Municipal, envolvendo controvérsias na esfera pública local. Sendo o plano diretor um instrumento de planejamento e ordenamento territorial urbano a auxiliar na formulação de políticas públicas, o documento em Natal esteve no auge de sua revisão, momento em que distintos atores se articulavam em muitos “palcos” e “bastidores”, dando vozes àquilo que julgam ser bom e justo para a cidade. Nesse embate coletivo que circunda questões econômicas e de justiça social, sobre prismas de ideologias e interesses divergentes, Estado e sociedade se relacionam e também se tencionam, levando o problema ao campo da sociologia política, mais precisamente à agenda da sociologia dos problemas públicos. Portanto, esta pesquisa procurou desenvolver uma investigação dos modos de mobilização dos atores envolvidos na controvérsia pública entorno do Plano Diretor de Natal. Para isso foi conduzido uma investigação de natureza qualitativa e se serviu da pesquisa documental, observação direta e participante, assim como também observações de interação em redes sociais. Os princípios teóricos foram construídos a partir de uma interlocução entre a agenda de pesquisas da Sociologia dos Problemas Públicos (Daniel Cefaï), Sociologia da Crítica (Luc Boltanski e Laurent Thévenot) e Teoria Crítica (Jürgen Habermas e Nancy Fraser). Através das cenas analisadas, foi possível averiguar as tensões e construir um repertório argumentativo de alguns dos atores, que foram categorizados entre atores estatais, do mercado e da sociedade civil, e ainda perceber quais forças se sobressaiam nessa ecologia da experiência pública.