LINCHAMENTOS VIRTUAIS E CULTURA DO CANCELAMENTO: OS CASOS PATRÍCIA CAMPOS MELLO E LILIA SCHWARCZ
Linchamento virtual; cultura do cancelamento; comunicação digital; sociologia do presente.
A pesquisa analisa o linchamento virtual sofrido pela jornalista Patrícia Campos Mello relatado no livro Máquina do Ódio (2020) e o cancelamento da pesquisadora Lilia Schwarcz, em agosto de 2020. Patrícia foi vítima de um linchamento após divulgar por meio de uma reportagem no jornal Folha de São Paulo, uma rede de disparos de notícias falsas pelo aplicativo WhatsApp, durante o período eleitoral de 2018. Schwarcz foi submetida a um cancelamento após emitir uma opinião sobre o filme Black is king (2020), da cantora Beyoncé, declarando que a artista errava em “glamourizar” a negritude, afirmação suficiente para incitar ataques na internet. Casos de ampla repercussão na imprensa e nas mídias digitais, objetos desta investigação que tem como argumento que, apesar de diferenças na denominação dos fenômenos, tanto o linchamento virtual quanto a cultura do cancelamento são práticas coletivas que tem como objetivo a aniquilação virtual do outro. A discussão teórica e metodológica do trabalho é composta por estudos sobre as multidões do sociólogo francês Gabriel Tarde; comunicação digital e enxame digital do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han; massas de acossamento do escritor búlgaro Elias Canetti; vigilância e punição do filósofo francês Michel Foucault; linchamentos no Brasil do sociólogo brasileiro José de Souza Martins e Sociologia do Presente de Edgar Morin. Fontes primárias como livros, teses de doutorado e dissertações de mestrado e fontes secundárias como artigos científicos, jornalísticos e notícias de portais na internet fazem parte do arcabouço metodológico do trabalho.