Não se Nasce Monstra, Tampouco Uma se Torna: Sobre Inexistência Social e Fim de Mundo
Monstra; Inexistência Social; Monstrificação; Humanização; Apocalipse.
O trabalho aqui apresentado é o produto parcial de um percurso denso de experimentação social, conceitual e política no qual meu corpo, minha história e minha forma de perceber a mim mesma no mundo se põem em movimento, em contato com circuitos de produção artística, poética e intelectual dos quais participo. Consiste numa série de meditações que tem como linha de força inicial uma personagem conceitual nomeada A monstra que atravessa isso aqui, e desdobra-se na elaboração teórica quanto às noções de Inexistência Social – percebida aqui como uma forma particular de existência que desencaixa o eixo de socialidade normativamente consolidado –, a monstrificação/humanização – dois processos ontopolíticos alinhados na produção do humano, do sujeito, do mundo e de seus outros – e fim de mundo – compreendido aqui mais como uma passagem rumo a outras constituições, compreensões e experiências de mundo, do que como um fim em si mesmo. O Pensamento Radical Negro (Black Radical Thinking) estadunidense, a obra de Frantz Fanon, os estudos Trans e Queer e as produções artísticas e textuais de pessoas dissidentes sexuais e desobedientes de gênero latino-americanas formam parte do referencial mobilizado por esta escrita, que está organizada em 7 capítulos, sendo 4 deles (0, -1, -2 e -3) capítulos negativos que atravessam a estrutura da dissertação, incorporando contradições, autodivergências e uma escrita menos preocupada com padrões de consistência, clareza e coesão.