DROGADIÇÃO E ESPAÇOS RELIGIOSOS: UMA MISSÃO CHAMADA “CRISTOLÂNDIA”
Subjetividade; Religião; Drogas; Modelos de Recuperação
Com o alastramento da drogadição no país, surgem ações de instituições propostas a gerenciar a recuperação do usuário de drogas. O Estado vem propondo estratégias de enfrentamento pautadas em ações brandas, onde o foco é minimizar o problema, quando não, utiliza-se de sistemas repressivos de enfrentamento. Porém, surgem, no campo da religião, através de algumas igrejas cristãs, modelos de recuperação ao usuário de drogas por meios religiosos. O presente trabalho objetiva identificar qual é o papel relacional e o significado que a religião assume no processo de recuperação do usuário de drogas, através de estudo do campo na Missão Batista Cristolândia em Recife/PE, visando sistematizar e discutir, à luz do referencial teórico, o modelo de tratamento proposto pela Missão Batista Cristolândia, analisando a relação entre o usuário em recuperação com o grupo religioso no qual participa, e que o acompanha no processo de recuperação, para discutir a interferência do sagrado no processo de recuperação. O trabalho está dividido em duas partes, na primeira há a discussão das políticas públicas e do que se está sendo feito ao dependente químico em recuperação e sua família. Apresenta-se ainda, o grupo religioso estudado, os Batistas, e o projeto Missão Batista Cristalândia. Na segunda parte do trabalho, há a apresentação do campo de pesquisa e dos dados coletados como a discussão teórica acerca da dessubjetivação do sujeito usuário de drogas. Para tanto, utilizar-se-á da fenomenologia para estudar a relação subjetiva do usuário em recuperação com sua visão espiritual da recuperação e com sua relação com o mundo social existente dentro e fora da instituição. Como metodologia, será utilizada a "parceria cognitiva", isto é, entrevistas com os integrantes da instituição, numa troca aberta de reflexões. Os resultados demonstraram que no mesmo projeto estudado, em cada uma de suas duas fases, a religião assume uma significância diferente. Por fim, é constatado que a dessubjetivação acarretada pela dependência química tem similaridades com uma dessubjetivação acarretada por uma “dependência religiosa”.