Conhecimentos Alternativos e Ecologia dos Saberes: o difícil diálogo no sistema de saúde oficial
Medicina Tradicional. Medicina Científica. Diálogo dos Saberes. São João do Abade. Estratégia Saúde da Família.
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a situação do diálogo entre duas das formas de se pensar o processo saúde-doença: a medicina tradicional e a medicina científica, sendo essa última representada pelo Sistema Único de Saúde, mais especificamente por uma Equipe de Saúde da Família. Partindo do questionamento “qual o papel de cada sistema de saúde no que concerne os males da saúde e na prevenção de doenças?”, quer-se verificar se há a realização da “Ecologia dos Saberes”, discutida por Santos (2007), nessas duas maneiras de se pensar e fazer saúde, onde cada uma, com suas (im)possibilidades, age diretamente no cotidiano do locus da pesquisa: o Distrito de São João do Abade, no Município de Curuçá/PA, e a Equipe de Saúde da Família Abade, localizada nesse Distrito. Esse estudo foi realizado a partir de instrumentos de coleta de dados como a pesquisa de campo, observação direta e entrevistas semi-estruturadas (HAGUETTE, 1997) e aportada teoricamente em alguns dos conceitos-chave mais utilizados pelas Epistemologias do Sul, onde destacamos a “Ecologia dos Saberes” (SANTOS, 2007); o “trabalho de Tradução” (SANTOS, 2008); a “Sociologia das Ausências e Sociologia das Emergências” (SANTOS, 2004); o conceito de “Saúde-Doença” (MINAYO, 1988); e discussões acerca dos “Saberes da Tradição” (ALMEIDA, 2010; RAMALHO e ALMEIDA, 2011). A Estratégia Saúde da Família foi pensada através dos olhares de Guedelha (2008) e Vilar et al. (2011), onde a essa permeará a discussão sobre o conceito de “Medicina Comunitária” (DONNANGELO e PEREIRA, 1976) como auxílio importante na busca da “Ecologia de Saberes” na Estratégia Saúde da Família.