Vivências da violência intrafamiliar: o simbolismo dos desenhos infantis
Violência Intrafamiliar. Educação Punitiva. Escola. Desenvolvimento da criança.
Trata-se de um estudo acerca de violência contra crianças vista como uma ação humana inaceitável, mas ainda presente nas sociedades contemporâneas, notadamente no espaço intrafamiliar. Problematiza essa realidade, inserindo-a na sociedade brasileira, tendo como campo empírico cinco escolas da rede pública da cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, e como sujeitos crianças matriculadas do 1º ao 5º ano no ensino fundamental, gestores, equipe pedagógica e professores das escolas investigadas. O objetivo primordial é buscar compreender como as crianças significam, através do desenho, a violência intrafamiliar e com suas famílias. Para tanto, parte da hipótese de que essa violência chega à escola e que, portanto, precisa ser identificada pelos responsáveis pela ação educativa formativa. A pesquisa considera a educação pela violência refletida no propósito e finalidade desta pesquisa, visando compreendê-la como prática social aética, como um impedimento de fato, uma ação contrária a qualquer processo socializador. Como procedimento de coleta de dados, utilizou-se de questionários aplicados entre gestores e a equipe pedagógica, os quais expressaram sua visão sobre a violência e como esta se apresenta na escola, reconhecendo as implicações desse ato para o desenvolvimento das crianças. O estudo valeu-se, ainda, da colaboração por parte das educadoras que, através de cartas, mostraram como identificam e como agem diante da violência sofrida pelas crianças. As crianças pesquisadas denotaram em seus desenhos as práticas punitivas (desenhos de sandálias, cipó, cinto e colher de pau), presentes na educação por elas recebida. Os desenhos em que as crianças expressaram essa prática confirmaram que ainda há, no âmbito da sociedade brasileira e, especificamente, na cidade de Natal, a configuração de práticas punitivas como meio de conquistar a obediência infantil, tendo como fim punir o corpo do sujeito transgressor, isto é, uma educação que é imposta pela dor. Remete, portanto, a pensar que a escola como segundo espaço de socialização ainda não está preparada para lidar com esse fenômeno que, embora seja hoje visto como crime, passa, muitas vezes, despercebido no espaço educacional.