De vilarejo agrícola-pesqueiro a destino turístico: memórias e resistências dos nativos de Pipa/RN
Turismo. Mudanças. Reformulações materiais e simbólicas. População nativa de Pipa. Memória
A presente dissertação consiste numa reflexão acerca do rápido processo de transformações socioculturais pelo qual tem passado a população nativa de Pipa, distrito de Tibau do Sul - RN. A avassaladora engrenagem que tem impulsionado a atividade turística em Pipa, outrora vilarejo agrário e pesqueiro – onde as relações sociais eram estreitas e fundamentadas, em alguns casos, pela linha de parentesco, num ambiente familiar onde todos se conheciam – tem produzido mudanças significativas nos aspectos sociais, econômicos e culturais da população nativa. Superando a oposição simplista aos impactos negativos ou positivos dessa atividade, direcionamos nossa atenção para apreender a percepção desses moradores mais antigos acerca dessas mudanças; os cenários e dinâmicas socioespaciais que emergem com a urbanização turística desenvolvida no distrito em questão (desde o final da década de 1980 e mais intensamente, a partir da década seguinte); e a redefinição de valores, práticas e formas de ser e viver desse grupo social e de seus descendentes. Constatamos que o turismo pode transformar as bases locais de sociabilidade, ao mesmo tempo em que a comunidade receptora resiste, criando mecanismos de reformulações materiais e simbólicas. Assim, o nativo não é um sujeito passivo diante de um processo de “modernização” decorrente da pressão exercida pela própria globalização e pelo capital resultante do investimento turístico. Mais que isso, ele é a própria memória viva do lugar.