Os limites do extrativismo: impactos socioeconômicos, culturais e ambientais na implantação de empresas eólicas e usinas fotovotaicas nos territórios indígenas Mendonça do Amarelão e Serrote de São Bento (João Câmara/RN)
Comunidades tradicionais; energias renováveis; impactos socioambientais; Território.
A presente dissertação tem como objetivo analisar os limites do extrativismo energético, a desterritorialização e os impactos socioeconômicos, culturais e ambientais decorrentes da implantação de empresas eólicas e usinas fotovoltaicas nos territórios indígenas Mendonça do Amarelão e Serrote de São Bento, localizados no município de João Câmara, região do Mato Grande no Rio Grande do Norte. Esta pesquisa é de extrema relevância, tendo em vista um contexto de expansão e implantação de projetos de “energia limpa” no Nordeste brasileiro e especificamente no Rio Grande do Norte avançando sobre os territórios indígenas. O problema de pesquisa que orienta esta investigação questiona de que forma a expansão dos empreendimentos de energia renovável afeta os modos de vida tradicionais dessas comunidades e em que medida são observados os dispositivos da Convenção nº 169 da OIT? especialmente no que se refere à consulta prévia, livre e informada. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, com base em um diálogo com as comunidades, entrevistas semiestruturadas com lideranças e moradores dos territórios, observação participante e análise documental. O referencial teórico-metodológico articula a cosmografia de Paul Little (2004) à análise crítica dos processos de desterritorialização e resistência, para compreender a construção simbólica e material do território pelas comunidades indígenas. Levando em consideração a experiência, da fala, da memória e da resistência de seus moradores frente aos projetos de energias renováveis. Ainda em fase de andamento, os resultados parciais apontam para a existência de vulnerabilidades acentuadas nos âmbitos social, cultural e ambiental, bem como para dinâmicas locais de resistência e reafirmação territorial diante dos avanços dos projetos energéticos. Espera-se que a pesquisa contribua para a formulação de políticas públicas que conciliem a suposta “sustentabilidade” dos empreendimentos com a preservação dos direitos territoriais, culturais e políticos das comunidades indígenas impactadas. Objetiva-se que essa pesquisa sirva, também, para desvelar a violação de direitos e dos territórios e fortalecer a luta indígena no que diz respeito à sobrevivência, permanência e preservação de seus territórios.