Alianças do Artivismo Brincante: Cartografias do Corpo Desencantado nas Dissidências Sexuais e de Gênero dos Reisados de Juazeiro do Norte-CE
Cartografia; Artivismo; Gênero e Sexualidades; Cultura popular.
Esta pesquisa tem como objetivo principal produzir um estudo sobre as dissidências sexuais e de gênero na cultura popular a partir da produção performativa da tradição do Reisado em Juazeiro do Norte, interior do Ceará. Para tanto, busquei perceber a manifestação cultural religiosa como uma forma de performatividade corporificada plural, principalmente diante do alinhamento das condições de precariedade da cultura popular com da emergência das performances das minorias sexuais e de gênero na dança. A partir das circulações, direções e devires da política das ruas no cortejo de brincantes, considero a performance LGBT+ nas danças de Reisado um ponto chave para compreender a forma com que o direito de aparecer como um enquadramento de coligação, pode relacionar minorias sexuais e de gênero às populações precárias. Entre o encantamento e o desencantamento do teatro nômade do Reisado, acompanhei a forma com que os processos subjetivos e as políticas de subjetivação, através de visibilidades e de dizibilidades, agenciam pelos corpos dissidentes linhas de desterritorialização nos eixos que estruturam as práticas das relações sociais nas dinâmicas de gênero e sexualidade na tradição artística regional. A investigação da performance conduziu a análise para o acompanhamento de percursos dançados do corpo, a implicação de processos de produção do desejo e a conexão de redes nos grupos de Reisado. O mapa que foi traçado pelas andanças expressa cartografias do corpo desencantado, sobretudo, aponta para o trânsito que o artivismo encanta na cena da dança e desencanta nas dissidências sexuais e de gênero. A condição de desencantamento permite compreender como espectro da vulnerabilidade em aliança pode estabelecer micropolíticas de gênero como base de resistência para condições mais sustentáveis e viáveis de vida. A pesquisa destaca que na base de resistência, a vulnerabilidade não se converte em atuação e sim em uma condição de vida que emerge. Sugiro que o Reisado, nos enquadramentos entre performatividade, precariedade e política, pode aparecer como uma assembleia provisória e transitória, onde performances transviadas são requeridas e festejadas através dos improvisos das cenas do folguedo, principalmente, na reconstrução não violenta dos esquemas regulatórios das tradições através do artivismo das alianças brincantes nas artes do Nordeste.