A ginga do grupo Nzinga. O feminismo angoleiro e as mudanças na tradição da capoeira angola
Capoeira Angola; Desigualdade de Gênero.
A pesquisa busca analisar a participação das mulheres nos espaços de liderança na capoeira angola e o seu impacto nas rodas de capoeira. Para analisar esse cenário político, a investigação centra-se no grupo Nzinga de Capoeira Angola, fundado pela mestra Janja na cidade de Salvador-BA. Pioneiro no debate sobre o lugar da mulher na capoeira, o grupo apresenta duas mulheres na liderança, o que o diferencia da grande maioria dos grupos no Brasil. O fenômeno foi observado durante os encontros de mulheres capoeiristas e foi realizada uma pesquisa de campo entre os anos de 2014 a 2018, acompanhando as atividades do grupo Nzinga, em particular a festa de Iemanjá e o "Chamada de Mulher" na cidade de Salvador-BA. A partir da análise da trajetória do grupo, foi realizada uma reflexão sobre a construção do feminismo angoleiro como um fenômeno recente na história da capoeira. Procurou-se identificar a disseminação de uma ginga feminista, o desenvolvimento de novas formas de contestação e de denúncia relacionadas à desigualdades de gênero presentes na capoeira. As estratégias para enfrentar as resistências das mulheres num universo masculino tornou a capoeira uma arma política e uma potente ferramenta para o empoderamento das mulheres.