DISPUTAS EM TORNO DA RITALINA: uma análise sobre diferentes possibilidades de um fármaco
Ritalina; TDAH; medicalização.
Esta dissertação apresenta uma pesquisa histórica e sociológica sobre a capacidade da Ritalina de produzir normalização social. Para tanto, foi feita uma análise da trajetória dessa droga, de discursos proferidos publicamente pelos seus usuários e uma autorreflexão ancorada nos efeitos objetivos da Ritalina no corpo do pesquisador. Há um confrontamento entre o discurso largamente difundido de que esse fármaco produz obediência às normas sociais, e o material empírico que tive contato ao longo da pesquisa. Esse psicofármaco de efeito estimulante é uma das drogas mais consumidas no mundo e também uma das que reúnem o maior número de críticas e controvérsias. Denominado popularmente como a pílula da obediência, está associado diretamente à medicalização de crianças em ambiente escolar e já foi acusado de poder produzir um genocídio do futuro. São diferenciados aqui dois usos dessa droga: o das pessoas que possuem o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e aquele dos que utilizam Ritalina como um “aprimorador cognitivo” que maximiza a concentração em atividades de estudo. A partir de uma investigação com base na história desse fármaco, nas declarações de seus usuários em dois endereços eletrônicos, e na experiência do pesquisador, evidenciou-se uma rede de relações heterogêneas que envolvem o consumo de Ritalina e que insistentemente têm sido caracterizadas como normalizadas ou obedientes.