Monstrologia Reversa - Uma Interpelação Monstruosa à Retórica da Humanização
Humanização; Monstrificação; Ficção Social; De-colonialidade.
O trabalho consiste num esforço teórico que visa produzir uma crítica ao paradigma de Humano como Homem. Isto é, ao Moderno projeto de humanização que tem como corolários a Colonialidade e a Normalidade, dois regimes centrais para a consolidação histórica do Humano como referente universal da agência sobre o mundo às custas da monstrificação de diferenças éticas, raciais, sexuais, culturais, políticas e de gênero. O trabalho parte de uma inversão primordial no plano do sujeito de conhecimento. Apresento-me como bicha gorda não-binária sudaca e mestiça para reclamar, na esteira da poeta argentina Susy Shock, "meu direito a ser um monstro" e para marcar, no plano de uma certa corpo-política do conhecimento que organiza o modo como os saberes são gerados e geridos nos ambientes acadêmicos que compartimos, uma posição de relativa exterioridade para com o sujeito Humano (frequentemente masculino, branco, heterossexual e eurocentrado). É como monstra em conexão com outras monstras que interpelo as teorias do Humano e - sobretudo - as teorias que sujeitos humanos do conhecimento produziram sobre as monstruosidades até o momento. Cláudia Rodriguez, Jeffrey Jerome Cohen, Susy Schock, Ieda Tucherman, Jorge Leite Junior e Indianara Siqueira, dentre outras pessoas, informam teoricamente e eticamente meu trabalho, que segue sendo um exercício de escrita teórica experimental mais aproximado à ficção social especulativa do que às regras do método sociológico.