PALMYRA WANDERLEY, A CIGARRA DOS TRÓPICOS: Imaginários culturais e mapa onírico em “Roseira Brava”(1965)
Palmyra Wanderley; escritora oitocentista; fenomenologia das imagens.
O presente estudo oferece uma reflexão acerca do panorama biográfico da escritora oitocentista Palmyra Wanderley (1894-1978) e o contexto da produção intelectual e literária nos anos 20, no Rio Grande do Norte. Essa relação possibilita novo entendimento acerca do imaginário cultural dessa escritora, influente nos jornais e no cenário literário. Para isso, foram utilizados textos acadêmicos de estudiosos e comentadores da obra palmiriana; textos de acervo pessoal, coletado no impresso do Jornal A República (1914-1922); e o livro “Roseira Brava”, autoria de Palmyra (1965, 2ª edição). A pesquisa também traz a leitura de imagens poéticas dessa obra literária, na qual há poemas líricos e descritivos da Cidade do Natal e foram utilizados a fim de suscitar imagens que denotem espaços oníricos. A metodologia de análise desses poemas está embasada na fenomenologia do filósofo Gaston Bachelard (1884-1962), fundamentada nas obras “A poética do espaço” (2008) e “A poética do devaneio” (2009). Os resultados apontam que a educação para as mulheres, durante a transição século XIX e XX, no Rio Grande do Norte, possuía oferta reduzida em relação ao gênero masculino, diminuindo as oportunidades sociais entre as mulheres. E, somente mulheres de famílias com disponibilidade de recursos financeiros tinham condições de estudar em colégios particulares e religiosos, como aconteceu com a escritora em questão; além disso, a maioria dos críticos literários de Palmyra Wanderley tinha elementos sexistas em seus discursos, entre outras características, possibilitando construir quatro categorias de imaginário cultural, como: “discursos elogios”, “traços literários”, “comparações masculinas”, “traços religiosos”; os poemas analisados foram relacionados às categorias bachelardianas, como “ninho”, “casa”, “espaços de dor” e “infância permanente”.