A bricolagem e a magia das imagens em movimento: o transnacional no cinema Moustapha Alassane
Cinema; cinema africano; transnacional; pós colonialismo.
No contexto de pós-independência dos países da região norte ocidental do continente africano e do posicionamento crítico e discursivo dos sujeitos frente às imagens eurocêntricas que culminou com a constituição das cinematografias africanas, destaca-se a obra do realizador Moustapha Alassane. Com uma prática voltada para a partilha do sensível e para uma concepção particular da imagem-movimento, o autor nigerino reconstrói o trajeto do encanto pela imagem à magia do movimento, criando sua lanterna mágica, animando figuras e impressões de seu cotidiano, a partir do simples traço do desenho à modelagem e criação de marionetes tridimensionais. Um discurso que se faz gesto pela bricolagem de elementos que estão a seu alcance. E o gesto irônico do realizador transforma o cenário de um vilarejo no interior do Níger em um filme de faroeste, uma oportunidade para apropriar-se do mito que é associado ao da criação do cinema no Ocidente. O trabalho toma como referência os estudos de autores da diáspora como Stuart Hall, Paul Gilroy e Édouard Glissant, de teóricos africanos como Achille Mbembe e Kwame Anthony Appiah, e do cientista social Sérgio Costa. Dessa forma analiso a obra cinematográfica e a trajetória fílmica do realizador nigerino pela via de acesso da chegada das cinematografias africanas ao Brasil, levando em conta o caráter transnacional dos processos sociais contemporâneos, (re)aproximando-nos do continente africano e da reflexão de combate ao racismo como um sistema-mundo.